A ampliação do limite da renda que pode ser comprometida com crédito consignado pode ajudar muitos consumidores a quitar dívidas mais caras. No entanto, é preciso avaliar quanto do orçamento pode ser comprometido com um empréstimo descontado diretamente do salário ou aposentadoria.
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Na última semana, o governo elevou teto do consignado de 30% para 35% da renda, sendo que o percentual a mais (5%) só poderá ser usado para pagamento do cartão de crédito.
Pode compensar trocar dívidas com o cartão ou empréstimo pessoal pelo consignado, que é uma das linhas de crédito com os juros mais baixos do mercado. Entre os maiores bancos do país, as taxas mensais na modalidade variam de 2,22% a 3,10% para celetistas. Já os juros do cartão de crédito vão de 6,73% a 16,37% nas mesmas instituições (confira abaixo).
O presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros), Reinaldo Domingos, ressalta, porém, que a ampliação do limite do consignado não resolve a causa dos problemas do brasileiro. “Se ele está tomado 30% e, agora, pegar mais 5% e tirar o INSS, sobra quase metade do salário. Isso significa que ele está no superendividamento”, afirma o especialista.
Antes de negociar a troca da dívida, portanto, o consumidor deve fazer uma análise das suas contas para saber se conseguirá sobreviver com uma parcela bem menor do salário. “Quando você está com uma dívida no cartão, tem chance para falar não. No consignado, você vai pagar sem choro”, afirma Domingos.
O especialista lembra ainda que orçamento do brasileiro está cada vez mais apertado, com a elevação de preços de produtos e serviços, além de pesados reajustes na conta de luz.
Na sua avaliação, se o consumidor troca simplesmente um credor por outro, sem descobrir a causa do verdadeiro problema, apenas alimentará o ciclo do endividamento. “Na verdade, ele está gastando mais do que recebendo. As famílias devem cortar custos. Em média, elas gastam de 20% a 30% a mais do que o necessário com energia, água e vestuário”, diz.