Uma das grandes ferramentas para descobrir crimes da Lava Jato é a quebra de sigilos bancários, determinada pela Justiça para identificar movimentações suspeitas nas contas dos investigados. Mas o trabalho da força-tarefa, nesse ponto, tem sido atrapalhado pela demora dos bancos em fornecer os dados. Segundo o MPF revelou ao Metro, a Justiça pediu uma “remessa” de informações em 30 de junho do ano passado, com prazo de 30 dias para resposta. No fim de agosto, porém, ainda faltavam dados de 135 contas, de seis bancos.
A requisição foi renovada em setembro e só atendida integralmente no fim de outubro, segundo o procurador Deltan Dallagnol, que coordena a equipe da Lava Jato. “[Além disso] várias respostas estavam incompletas. Em resumo, os bancos demoraram quatro meses para enviar informações falhas”, lamenta. A falta de agilidade dá vantagem aos suspeitos de corrupção, diz Dallagnol.
“Se o dinheiro sujo passar por seis contas sucessivamente, no caso da Lava Jato, o rastreamento demorará mais de dois anos! Enquanto o criminoso transfere o dinheiro com um clique de mouse, os bancos tornam o rastreamento um caminho de anos e anos”, reclama.
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Problema antigo
Em junho de 2012, o MPF já questionava a lentidão dos bancos em quebrar o sigilo de investigados.
Um programa chamado Simba (Sistema de Investigação de Movimentações Bancárias) foi lançado para agilizar esse processo, mas a dificuldade continuou.
Outro lado
A Federação Brasileira de Bancos afirma que a lavagem de dinheiro “é uma preocupação constante dos bancos”, que repassaram mais de 4 milhões de informações ao Ministério da Fazenda, entre 1998 e 2013.