
Renato Janine Ribeiro, atual ministro da Educação, voltou atrás em uma afirmação que fez, na semana passada, alegando falta de verba para novas inscrições no programa de financiamento estudantil do governo, o Fies.
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“Eu não disse que estamos sem dinheiro para o Fies”, declarou o ministro em entrevista a BandNews FM nesta quarta-feira (13). “Eu só não vou promoter o que eu não puder fazer. Ainda não dá para saber se teremos Fies no segundo semestre e nem em qual tamanho o teremos”.
“Mesmo sem o Fies, há uma boa quantidade de vagas no Sisu e o Prouni com números maiores para o segundo semestre”, acrescentou.
O ministro também citou uma nova forma de arrecadar recursos para o fundo que, em nova formulação, contaria com a colaboração do aluno. “Há muitos estudos, mas ainda nenhuma decisão. Uma delas é o pagamento do aluno em uma certa proporção, o que também iria permitir a concessão do Fies para mais estudantes”.
Outra mudança estudada é a redução da renda familiar mínima exigida para ingressão no programa. “O aluno precisa ter uma renda de até 20 salários mínimos, o que é muito dinheiro. Pretendemos reduzir essa renda e cultivar outras questões além do financeiro como, por exemplo, a qualidade”, declarou o ministro, que quer estudantes do Fies em cursos bem avaliados. “Temos alunos do programa em cursos fracos”, explicou.
«Bater em professor é como bater na mãe”
Questionado sobre o episódio de violência contra professores em greve no Paraná, Janine condenou o ato e enumerou algumas prioridades de sua pasta para a crise que se instaurou entre os docentes.
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“Bater em professor é como bater na mãe. Isso sinaliza que a escola é um ambiente em que se apanha e que o salário de um professor, hoje abaixo do salário de um policial, sinaliza que a educação não é tão importante assim”, pontuou. “No ministério, pretendemos acompanhar as partes dessas negociações, entre professores e secretarias municipais, e atuar no acompanhamento do piso salarial do professor, cuja variedade de cada estado atrapalha essa discussão”, concluiu.
Além de uma política de valorização salarial, Janine também citou uma preocupação com a formação do docente. “Existe um descontentamento com a insuficiência da formação dos professores. Pelo plano Capes (Plano Nacional de Pós-Graduação), queremos permitir que os bolsistas iniciem uma nova carreira de professores com formação incrementada”, sugeriu.
Pátria educadora?
Janine também falou a respeito do bordão «Pátria Educadora», que se transformou em piada diante da crise da educação no Brasil. Para o ministro, apesar do atual cenário, há um empenho dos gestores públicos em melhorar a educação no país, o que inclui o Plano Nacional de Educação (PNE), principal desafio de sua gestão.
“É difícil, porque vai contra uma tradição brasileira. É um caminho que o país nunca deu valor”, afirmou. “E não só da parte do governo. Uma das coisas que mais faz falta é a sociedade se empenhar mais na educação. Acho ótimo que pensem que a solução de nossos problemas está na educação, mas melhor ainda se essa fala fosse convertida em ações”.
Como ações, o ministro sugere uma valorização dos pais nos estudos dos filhos (“incentivem seus filhos a fazerem suas lições de casa, mesmo que você não entenda muito bem do que se trata”, exemplificou) e uma mudança da própria mídia com relação ao tema. “Namorar e ir a praia são coisas legais nas novelas e estudar é sempre aquela coisa chata. Isso precisa mudar”, avaliou.