Como a maioria dos amigos, Marcos Vinicius dos Santos, 17 anos, queria largar a escola e ser jogador de futebol. Hoje, sua meta é entrar na USP. A mudança ocorreu quando ele foi selecionado para estudar na unidade Paraisópolis do colégio israelita Alef, que desde 2013 oferece gratuitamente ensino médio para cerca de 100 jovens da comunidade, incrustada no bairro do Morumbi.
ANÚNCIO
Os resultados são visíveis e mostram que um ensino de qualidade é capaz de oferecer oportunidades de crescimento e transformar vidas. Ao lado de outras duas colegas de classe, Santos ficou em terceiro lugar na área de ciências sociais da Mostratec, uma das feiras de ciências mais importantes do país, realizada em Novo Hamburgo, com uma pesquisa sobre a relação familiar e o desempenho escolar. Melhor ainda, outros três alunos tiraram o primeiro lugar com o trabalho “Interações entre a eugenia e o racismo: Breve histórico e percepção atual”.
Agora, a turma se prepara para disputar a Febrace, outra grande feira de ciências do país que começa na terça-feira, no campus da USP, justamente onde a maioria deles pretende estudar.
“Hoje sei que é possível entrar na USP”, diz Grazielle de Souza, 17 anos.
Para que o sonho se torne realidade, o colégio adota um método pedagógico inovador, que faz com que os alunos trabalhem muito (as aulas vão das 7h às 18h). A escola conta com os mesmos professores que lecionam na unidade do Alef que fica no clube Hebraica, nos Jardins, todos com mestrado ou doutorado.
São eles que desenvolvem o material pedagógico. Os alunos são avaliados por quatro instrumentos: caderno, prova, avaliação não escrita e trabalho de síntese. Depois de cada aula, redigem um memorial sobre o que aprenderam.
“Nosso objetivo é buscar a igualdade pelo conhecimento, a única moeda de troca possível para mudar o país em meio a tanta desigualdade. E apesar das dificuldades, estamos conseguindo”, diz o diretor do Alef, João Guedes.