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Sequestro em cafeteria na Austrália termina com três mortes

Terminou nesta segunda-feira um cerco de mais de 16 horas a um homem armado que fez 17 reféns em um café no centro comercial de Sydney, maior cidade da Austrália. Policiais fortemente armados invadiram o local por volta de 13h10 de Brasília (2h10 da madrugada de terça-feira na Austrália), e três pessoas, incluindo o sequestrador (o iraniano Man Haron Monis), morreram. Disparos e estouros de granada de efeito moral foram ouvidos. Ao menos quatro reféns ficaram feridos.

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Entre os mortos estavam um homem de 34 anos e uma mulher de 38, ambos reféns. Os dois morreram ao dar entrada em um hospital depois da operação que encerrou o cerco. Um policial e três mulheres – uma delas atingida por uma bala no ombro – foram atendidos com ferimentos.

O incidente começou na manhã de segunda-feira (horário local, madrugada de domingo no Brasil), quando o sequestrador,  que dizia ser integrante do EI (Estado Islâmico) entrou no Café Lindt, em uma área movimentada de Sydney.

Pouco depois, a TV australiana mostrava imagens de reféns com as mãos contra a vitrine do café sob uma bandeira preta com a “shahada”, inscrição religiosa islâmica cujo significado é “Só Alá é Deus e Maomé, seu profeta”. A polícia, que cercou o local em seguida, descartou a hipótese de roubo e as autoridades passaram a tratar o sequestro como terrorismo com motivação política. No fim da tarde o premiê australiano Tony Abbott, que havia feito horas antes um discurso em rede nacional dizendo que o sequestro é “perturbador”, afirmou que o homem tinha motivações políticas.

Alerta ‘alto’

O sequestro ocorre semanas depois que a Austrália elevou o alerta de segurança em meio a ameaças de ataque feitas pelo EI. O país participa dos esforços contra o grupo.

Muçulmanos

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Cerca de 40 organizações muçulmanas do país condenaram o sequestro.

Brasileira estava entre reféns

Uma brasileira nascida em Goiânia (GO) estava entre os reféns do café Lindt, em Sydney. Marcia Mikhael, que tem origem árabe, trabalha como gerente de banco e fisiculturista. Segundo a família, ela passa bem.

Durante o cerco ao café, Marcia foi usada pelo sequestrador, Man Haron Monis, como uma espécie de pota-voz. Ela chegou a publicar em seu perfil no Facebook um vídeo (que depois foi retirado do ar) e algumas das reivindicações de Monis. “Estou no Lindt Café, no Martin Place, mantida como refém por um membro do EI (Estado Islâmico). O homem que está nos mantendo refém fez simples e pequenos pedidos e nenhum deles foi cumprido”, escreveu Marcia. “Agora ele está começando a ameaçar nos matar. Precisamos de sua ajuda agora. O homem quer que o mundo saiba que a Austrália está sendo atacada pelo EI”.

Segundo a mensagem publicada na rede social, Monis exigia uma bandeira do EI, que seria trocada por um refém, e queria falar com o premiê australiano Tony Abbott “via transmissão ao vivo”, prometendo libertar, em troca, cinco pessoas.

Ele exigia ainda a presença da imprensa, para anunciar que dois cúmplices que ele dizia terem bombas em pontos da cidade não explodiriam os artefatos. A informação foi desmentida.

Haron Monis tinha antecedentes

O homem que fez reféns em Sidney vivia desde 1996 na Austrália, onde chegou como refugiado, e tinha histórico de crimes violentos.

Autointitulado clérigo, Man Haron Monis, de 49 anos, nascido no Irã, tornou-se conhecido na Austrália depois de enviar cartas com mensagens de ódio a familiares de soldados do país mortos no Afeganistão (foto abaixo).

No ano passado, Monis foi acusado de ser cúmplice no assassinato da própria mulher, morta a facadas em um apartamento de Sydney. Ele foi ainda acusado de cometer mais de 40 crimes sexuais. O homem estava solto sob fiança.

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