
Com uso controlado no Brasil, o canabidiol poderá ser receitado por médicos brasileiros no tratamento de epilépticos. O CFM (Conselho Federal de Medicina) aprovou resolução com regras para que neurologistas, neurocirurgiões e psiquiatras utilizem a substância em pacientes de até 18 anos que não respondem a tratamentos convencionais.
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Em vídeo no final deste texto, o toxicologista Anthony Wong, do Hospital das Clínicas, tira dúvidas sobre o assunto.
Em princípio, o medicamento não será usado em adultos. “Será permitido apenas para crianças e adolescente porque não há estudos que comprovem a eficácia em outras faixas etárias”, esclareceu o presidente do CFM, Carlos Vital.
Qualidade de vida
A permissão, ainda restrita, foi considerada um avanço para a família de Anny Fischer, 6. Portadora de síndrome CDKL5, que provoca epilepsia refratária, a menina foi a primeira a ter autorizado a importação do canabidiol dos Estados Unidos, em abril. “A decisão restringe a dosagem, os médicos que podem receitar. É um passo importante, mas ainda ficamos frustrados”, afirmou a mãe, Katiele Fischer.
Ela conta que, em oito meses de tratamento, a filha apresenta melhora significativa. “Ela chegou a ter cerca de 80 crises convulsivas por semana. Agora ela está há um período bastante longo sem ter nenhuma crise”, conta. “Hoje a Anny consegue sentar sozinha, rolar na cama. O canabidiol não é uma cura, mas trouxe qualidade de vida para a minha filha.”
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Um sistema online será lançado na próxima segunda-feira. Somente médicos cadastrados poderão preescrever o canabidiol. Haverá restrição sobre a quantidade da substância que será receitada. O paciente assinará termo de consentimento sobre eventuais efeitos colaterais.
O canabidiol segue proibido no Brasil e só pode ser adquirido pela Anvisa, com autorização judicial. A agência aguarda estudo científicos para reclassificar a substância – hoje incluída entre as que causam dependência – como um medicamento de uso restrito. O Congresso discute autorizar o uso medicinal da maconha, mas o projeto sobre o tema só tramitará no ano que vem.
Assista a entrevista com o toxilogista Anthony Wong: