ANÚNCIO
O sequestrador Jac de Souza Santos se entregou à polícia na tarde desta segunda-feira, após invadir o hotel Saint Peter e manter um funcionário como refém no 13º andar do prédio por mais de sete horas, em Brasília.
Santos manteve o chefe dos mensageiros, José Ailton, refém sob a mira de uma pistola e o obrigou a colocar um colete com bananas de dinamite. Mais tarde, a polícia constatou que ambos eram falsos.
Recomendados
Resultado da Lotofácil 3087: prêmio desta quarta é de R$ 3,7 milhões
Google não permitirá anúncios de políticos nas eleições de outubro
Novos suspeitos de trocarem malas com droga em aeroporto são presos
“Trabalhamos o tempo todo com a possibilidade de ele explodir o hotel”, afirmou o capitão Lúcio Flávio Teixeira Júnior, comandante do Esquadrão Antibombas do Bope.
O ex-vereador da cidade de Combinado (TO) fez registro como hóspede às 5h30 no hotel. Logo após subir, pediu que um mensageiro fosse ao quarto buscar o depósito obrigatório. José Ailton, que trabalha no hotel há quatro anos, foi até o quarto e logo foi feito refém pelo sequestrador.
Após a demora, a camareira acionou a gerência, que chamou a polícia. O sequestrador ocupou dois quartos e ameaçava explodir o hotel, caso suas reivindicações não fossem atendidas até as 18 horas.
“Ele pedia a extradição de Cesare Batisti e a aplicação da lei da ficha limpa”, informou o delegado Paulo Henrique Almeida, chefe da Divisão de Comunicação da Polícia Civil do DF.
Cerca de 150 policiais civis e militares do DF, mais agentes do Detran, Polícia Federal e do Corpo de Bombeiros foram mobilizados. Atiradores de elite da polícia foram posicionados em áreas estratégicas e aguardavam autorização para atirar.
A cada dez minutos, o sequestrador aparecia na sacada do hotel, juntamente com Ailton, para exigir a conclusão das reivindicações. Minutos antes de se entregar, o homem apareceu na sacada do prédio com um dos punhos unido por algemas ao braço do refém. O funcionário já aparecia sem o colete com a suposta carga de dinamite. O refém deixou o hotel em um carro de polícia.
De acordo com o advogado de Santos, Carlos Nascimento, o cliente tem problemas psicológicos.
O preso será transferido para o DPE (Departamento de Polícia Especializada), já que a polícia teme uma tentativa de suicídio.
Santos pode responder por cárcere privado, cuja pena é de um a três anos de reclusão.
Ação foi premeditada, afirma Polícia Civil do DF
Do lado de fora do hotel, a equipe de investigação montada levantou rapidamente a ficha do sequestrador. Morador da cidade de Combinado (TO), a 520 km de Palmas, ele é filiado ao PP, tem uma filha em Brasília e havia chegado à cidade no sábado.
Durante o sequestro, uma equipe da Polícia Civil foi até Tocantins para conversar com a família de Jac. Lá os policiais encontraram três cartas em que ele expressava opiniões políticas e avisava sobre um ato grandioso que faria para acordar o ‘gigante adormecido’, como se referia ao Brasil.
Nas cartas, o sequestrador também dava a entender que cometeria um suicídio. As cartas tinham data de 25 de setembro, o que, segundo a Polícia Civil, prova que a ação foi planejada.
Por volta das 14h, em uma de suas aparições, Jac arremessou um cd que continha um arquivo de aúdio. A mídia registrava um pedido de desculpas à polícia e à imprensa e foi gravada no último dia 19, outra prova de premeditação.
Crime
O sequestrador deve responder pelo crime de cárcere privado, que prevê pena de um a três anos de reclusão.
Mensageiro feito refém atuou como 4o negociador
O controle emocional e psicológico do mensageiro José Aylton contribuiu para o desfecho do episódio. Aylton se manteve tranquilo durante as quase oito horas em que ficou refém e conquistou a confiança de Jac, que até pediu que a mulher e a filha do mensageiro fossem levadas ao local.
A Polícia Civil trabalhou com três negociadores que do corredor do 13º andar, tentavam tranquilizar Jac de Souza Santos para que ele desistisse da ação.
“A serenidade e o preparo dos negociadores foram fundamentais para a rendição”, destacou o delegado Paulo Henrique de Almeida.
Depois da rendição, os agentes constataram que a pistola era um simulacro – arma falsa. E, meia hora depois, os policiais do esquadrão antibombas informaram que as bananas de dinamite eram tubos de PVC recheados com massa epóxi, serragem e terra.