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Instituição filantrópica busca doações para manter cirurgias de crânio

Menino-com-bola448A instituição filantrópica Face (Facial Anomalies Center), que realiza cirurgias craniofaciais gratuitamente, precisa de doações para continuar a manter o atendimento.

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De acordo com a diretora executiva da Face, Darci Maria Brignani, a insituição só tem renda para mais três meses de trabalho. Uma única cirurgia tem um custo de até R$100 mil.

As operações acontecem no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, em parceria com o SUS, e atende pessoas de todo o Brasil. Além da cirurgia, a equipe acompanha os pacientes nas áreas de fonoaudiologia, ortodontia, psicologia e assistência social.

No início, a renda utilizada saía dos trabalhos de cirurgia estética.

Hoje, a principal fonte da entidade é um simpósio anual de cirurgia plástica. Outros recursos vêm de produtos exclusivos, como a linha de quebra-cabeças “Reconstruir é Recomeçar”.

As doações podem ser feitas pelo site www.facebrasil.org.br.

Como tudo começou

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Vera Cardim
Doutora Vera Cardim explica que a área sofre de uma grande carência de profissionais e centros médicos especializados | Arquivo Pessoal

A doutora Vera Cardim já dedicou 42 dos seus 62 anos à cirurgia craniofacial. Nascida em Bagé, no Rio Grande do Sul, mudou-se para estagiar em São Paulo, em 1977, com o pioneiro da área no Brasil, Jorge Miguel Psillakis.

«Eu acho a cirurgia craniofacial muito instigante, complexa. Faz uma grande diferença. Não mexe só superficialmente com um organismo, muda completamente a forma de alguém e pra melhor», disse Vera.

A cirurgiã explica que a área sofre de uma grande carência de profissionais e centros médicos especializados. «Normalmente existe dentro de universidades ou escolas médicas. É uma área de atuação muito restrita. E mesmo sendo uma doença rara, a demanda é muito grande.»

De acordo com uma estimativa feita pela instituição, a cada 10 mil crianças que nascem, 2 têm deformidade craniofacial. O número pode ser ainda maior, já que a família não é obrigada a notificar a problema.

Além de realizar as cirurgias, a Face também capacita novos profissionais na área. «Os estudantes às vezes largam tudo para passar um ano com a gente aprendendo sobre a cirurgia, mas não temos como remunerá-los. A meta é dar uma bolsa para que eles possam se dedicar mais».

A Face já tratou de casos como o de uma menina que vivia escondida em um casebre na Ilha do Frade, na Bahia, por conta de uma fissura que tinha no rosto. O preconceito era tão grande, até mesmo entre os familiares, que a criança só sabia grunhir. Durante uma fuga, um turista a encontrou, se comoveu, pagou a viagem até São Paulo e Vera realizou o tratamento. Hoje, a menina é psicóloga.

Vera também lembra de um jovem que, com uma grave deformidade, se comunicava apenas com monossílabas. Com mais de 20 anos, ele era analfabeto porque nunca havia frequentado uma escola. «Na segunda ou terceira cirurgia ele resolveu fazer supletivo, depois fez um curso técnico. Hoje ele trabalha, casou, é feliz e fala. Fala muito!»

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