O prédio de um hotel desocupado pela Polícia Militar na manhã desta terça-feira, no centro de São Paulo, amanheceu, nesta quarta-feira, com todas as luzes acesas, mas sem movimentação. Apesar dos confrontos registrados ao longo do dia, a Avenida São João e outras ruas da região estão limpas e sem bloqueios.
Viaturas da PM passaram a noite em frente ao antigo hotel, e seguranças particulares também seguem na proteção do local. Em frente ao Theatro Municipal, onde vândalos puseram fogo em um ônibus, as marcas ainda estão visíveis.
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Análise: ‘faltou diplomacia; sobrou truculência’
A diplomacia deve ser sempre o caminho a ser usado em casos de reintegrações de posse. De caráter delicado em todas as situações, esses processos não podem ter a polícia como moderadora. Foi um exagero usar a Tropa de Choque da Polícia Militar para reintegrar a posse de um prédio. Não se levou em consideração que se tratava de 200 famílias, muitas delas com mulheres e crianças.
Temos percebido que, em situações como a de ontem ou mesmo em manifestações, a polícia normalmente age com truculência e despreparo. As famílias resistiram e isso já era esperado. Por isso que a diplomacia se faz necessária.
O poder público deve esgotar todas as possibilidades de negociação antes de usar a força. E muitas vezes usam a força desproporcional e a truculência porque, do ponto de vista do Estado, é a maneira mais efetiva de resolver uma situação como essa.
O governo falha quando demora no processo de construção de moradias populares ou atrasa a adoção de políticas específicas para tornar o uso da terra mais democrático.
Nesse sentido, a Câmara Municipal de São Paulo pode ajudar formulando leis para atender a essa demanda e facilitar a expansão das áreas de interesse social.
A demanda por moradia não é um problema apenas de São Paulo. É nacional. Temos um déficit habitacional de 5 milhões de moradias no país e uma grande especulação imobiliária nas cidades, com destaque para a situação em São Paulo.
É preciso que haja mais boa vontade do poder público e, principalmente, menos morosidade nas decisões que são tomadas. E isso cabe a todas as esferas: municipal, estadual e federal.
Paulo Silvino Ribeiro – Sociólogo e professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo
Confronto
Após ser palco de diversos confrontos entre manifestantes e policiais durante esta terça-feira, a situação no Centro de São Paulo foi tranquilizada no início da noite. De acordo com informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP), a polícia deteve 94 pessoas ao longo do dia. Dessas, 89 já foram liberados.
Ao menos nove pessoas ficaram feridas na ação, entre elas cinco policiais. Dos agentes feridos, um fraturou o pé, o outro teve queimaduras de segundo grau e dois agentes sofreram ferimentos nas pernas por fogos de artifício. O estado de saúde do quinto policial ferido não foi divulgado.
Todos os feridos foram socorridos ao pronto-socorro do Hospital Santa Casa de Misericórdia. A instituição médica também confirmou o atendimento de um homem, que já teve alta, e uma mulher com fratura na perna. Ela foi submetida a exames e permanece internada na unidade.
Uma terceira vítima foi atendida pelo Corpo de Bombeiros, mas o quarto ferido não teve seu estado de saúde divulgado.