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Países prometem ‘ajuda militar adequada’ ao Iraque

Cerca de 30 países representados na conferência de Paris sobre o Iraque concordaram nesta segunda-feira em fornecer a Bagdá a “ajuda militar adequada” para combater os insurgentes do EI (Estado Islâmico), segundo um comunicado emitido após a reunião. De acordo com o texto divulgado pelas autoridades francesas, o combate aos extremistas é “uma questão de urgência”. Entretanto, a vizinha Síria, que representa um desafio diplomático ainda maior, não foi mencionada no texto.

Com a declaração, Washington ganha apoio das principais potências ocidentais na luta contra o grupo terrorista. A França enviou aviões de caça ao Iraque em missão de reconhecimento, se colocando um passo mais próxima de se tornar o primeiro aliado a se juntar aos EUA desde que o presidente Barack Obama, declarou seus planos de estabelecer uma coalizão ampla.

A conferência reuniu os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, Estados árabes e europeus, e representantes da Liga Árabe e da ONU.

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Zona neutra

A imprensa turca disse que o Exército está desenvolvendo planos para criar uma “zona neutra” em suas fronteiras ao sul, onde enfrenta ameaças de militantes do EI.

Citando o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, canais de TV do país disseram que o governo deverá avaliar os planos e decidir se a medida é necessária. Um assessor da presidência confirmou os comentários mas não disse onde a zona neutra poderia ser estabelecida.

‘Genocídio’

O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Anders Fogh Rasmussen, disse que uma intervenção militar contra o EI pode ser justificada como uma ação de autodefesa ou para prevenir uma campanha “muito próxima do genocídio”.

Segundo ele, a ameaça que o grupo representa “requer uma resposta militar para degradar e derrotar a organização terrorista”. Rasmussen, entretanto, disse que a Otan não pode realizar ataques militares contra o grupo. “Não estamos considerando um papel de liderança da Otan nesta operação”.

Irã e EUA divergem sobre convite para combater EI

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que rejeitou um convite dos EUA para cooperar na luta contra o EI, mas Washington disse não desejar uma coordenação militar com Teerã.

“O embaixador norte-americano no Iraque pediu ao nosso embaixador (no Iraque) uma reunião para discutir a coordenação na luta contra o Daesh (EI)”, declarou Khamenei, segundo a agência estatal Irna. “Nosso embaixador no Iraque nos transmitiu esse pedido, que foi bem recebido por algumas autoridades (iranianas), mas eu me opus. Não vi sentido em cooperar com um país cujas mãos estão sujas e cujas intenções são nebulosas”.

“Não estamos nos coordenando militarmente com o Irã e nem vamos”, disse Jen Psaki, porta-voz do secretário de Estado dos EUA, John Kerry. Segundo Khamenei, Washington está “mentindo” e que foi escolha do Irã não trabalhar com a nação que tradicionalmente chama de “O grande satã”.

Análise – O EI e os vazios de poder*

De acordo com Tony Judt, o consagrado autor de “Pensando o Século 20”, o líder do EI (Estado Islâmico), Abu Bakr al-Baghdadi, e seu círculo íntimo são portadores de uma capacidade de sobrevivência que foi capaz de suportar, quando estavam na Al Qaeda, os pesados bombardeios norte-americanos entre 2007 e 2009.

Quanto ao EI, diz Judt, ele ataca em áreas em que percebe existir um vazio de poder ou um poder só no papel ou que não passe de suposição. Judt trata do Oriente Médio no Instituto de Estudos Estratégicos, sediado em Londres. Ele garante que não é tanto o fervor religioso que mobiliza o EI, mas sobretudo as ausências de poder de Estados “atualizados”, ou mesmo “modernos”, o que faltaria, diz, tanto no Iraque quanto na Síria.

Outro respeitado analista, Ian Bremmer, diz que estamos vivendo num  “Marco Zero”: já não se tem um verdadeiro superpoder, como nos tempos de Guerra Fria. Os EUA são hoje em dia, é o que sustenta Brenner, de uma fraqueza que não se via desde 1945. Obama tenta negar essa ideia.

*Newton Carlos, Jornalista

 

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