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O presidente dos EUA, Barack Obama, disse nesta quinta-feira que o país poderá enviar cerca de 300 conselheiros militares ao Iraque para ajudar Bagdá no combate a insurgentes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL). Segundo Obama, os EUA estão prontos também para realizar ataques pontuais no país se for necessário.
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Após reunir-se com a equipe de segurança nacional, Obama garantiu que os EUA não se envolverão militarmente no conflito. “Militares americanos não irão lutar de novo no Iraque”, disse.
“Não conseguimos resolver esse problema enviando dezenas de milhares de homens e comprometendo o sangue e as riquezas que já foram gastos no Iraque”, declarou Obama, em Washington. “Em última análise, é algo que terá de ser resolvido pelos iraquianos”.
Obama disse que os conselheiros darão suporte às forças de segurança iraquianas e à criação de centros de operação conjuntos em Bagdá e no norte do Iraque para compartilhar inteligência e coordenar o planejamento do confronto aos insurgentes.
Segundo o presidente, o secretário de Estado, John Kerry, realizará reuniões no Oriente Médio e na Europa para tentar promover a estabilidade da região.
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Análise: A 3a guerra do Iraque*
O Iraque pediu apoio aos EUA para combater rebeldes sunitas, depois que o Estado Islâmico no Iraque e no Levante tomou a maior refinaria do pais e ocupou cidades. Nos últimos dias houve um avanço-relâmpago dos insurgentes contra o Exército do governo liderado por xiitas.
O presidente do Irã, Hassan Rouhani, ameaçou intervir nessa guerra sectária, que ameaça cruzar fronteiras. Como a guerra civil na Síria, pode afetar os vizinhos, despertando as tensões baseadas em um cisma religioso que data do século VII.
O conflito no Iraque tem como pano de fundo a briga entre o Irã e a Arábia Saudita pelo controle do governo de Bagdá, alvo dessa guerra secular entre xiitas e sunitas.
A crise se insere na disputa pelos preços da energia, em torno das fabulosas reservas da região. Riad não tem interesse numa queda dos preços. Com caos no Iraque, o imenso potencial de produção iraquiano não inundará o mercado. Por isso, as fundações sauditas enchem de dinheiro os grupos islamistas radicais sunitas do Iraque.
Os sauditas sonham com um governo de união nacional em Bagdá para contrabalançar os aiatolás xiitas do Irã. O Ocidente tenta salvar o Iraque da desintegração, pressionando o premiê xiita, Nuri al-Maliki, a se entender com os sunitas.
Nesse quebra-cabeça, os americanos se vêem obrigados a desempenhar um papel duplo: aliados dos sauditas, tentam cooperar com o Irã, para salvar a integridade do Iraque.
Essa explosão geral na região pode determinar uma nova geografia mundial do petróleo.
* Milton Blay – Correspondente, Paris