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A delegada Elisabete Sato trilhou um longo caminho até ocupar a sala grande com paredes revestidas de madeira ao estilo colonial da diretoria do DHPP. São 37 anos de polícia até ser a primeira mulher a chefiar os cerca de 700 policiais do DHPP (departamento de homicídios) da Polícia Civil. Colecionadora de corujas, ela falou ao Metro Jornal sobre os desafios do cargo e analisou a questão da segurança no país.
A senhora é primeira mulher a chefiar o DHPP. Como foi chegar ao cargo?
É um desafio. Comecei a carreira nesse departamento, então foi uma conquista pessoal e uma grande satisfação.
Que contribuições trouxe como diretora?
Hoje, somos um departamento estadual de homicídios. Antes, era praticamente local. Isso nos abre uma janela de atendimento fora da capital. Temos agora a delegacia de pedofilia e a nova delegacia para atender delitos cometidos em eventos esportivos.
A sra já enfrentou situações de machismo?
Sinceramente, eu não percebo e também não ligo. Implantei a cultura da sensibilidade. Eu choro e os meus policiais agora choram comigo.
Como avalia a atuação da polícia?
Não estou satisfeita, gostaria que fosse muito maior o número de esclarecimentos de crimes. Tenho objetivos de investimento em tecnologia. Recentemente, realizei um sonho ao lançarmos o laboratório de arte forense, o primeiro do país com tecnologia para manipulação usada em animações 3D. Mas ainda tem muito o que melhorar. Estou criando um banco de dados de indiciados e de autores de homicídios.
A sociedade anda pouco tolerante com a polícia?
Gostaria que todos os policias fossem cumprimentados e não achincalhados. Mas, para que isso aconteça, é preciso a contrapartida. A transformação da polícia é uma exigência da sociedade.
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E essa onda de linchamentos, de fazer justiça com as próprias mãos?
É muito medieval e assustador. Mas acredito que as pessoas estão fazendo isso porque estão cansadas de injustiças. Elas não acreditam mais no Estado. A sociedade está cansada de impunidade.
A sra. é a favor da redução da maioridade penal?
Sim. Não era, mas mudei depois que ouvi o depoimento do menor que queimou a dentista em São Bernardo. Depois, mandei fazer um levantamento de quantos menores de 18 anos haviam praticado crimes violentos e o número foi assustador.
O país está mais violento?
Hoje percebe-se uma banalização da violência. . Se um cidadão está insatisfeito, põe fogo no ônibus, para uma via de grande acesso e atrapalha toda a comunidade. O direito coletivo se perde assim.