
Uma garantia de rentabilidade de 6,8% à empresa belga Astra não foi informada ao conselho da Petrobras no caso da briga pela Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, segundo o representante dos trabalhadores para o Conselho de Administração da estatal brasileira, Sílvio Sinedino. Em 2008, o conselho da Petrobras estudou adquirir 100% da refinaria por US$ 788 milhões. Dois anos antes, a estatal havia adquirido 50% da estrutura que pertenciam à empresa belga Astra Oil por US$ 360 milhões.
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“Durante a briga que teve com a Astra, a Petrobras mandou uma carta dizendo que ia fazer sozinha o investimento [na refinaria]. A carta foi aprovada em 2008. Só que ela tinha uma segunda parte que diz que garante à sócia uma rentabilidade de 6,8%”, revelou em entrevista à BandNews FM. “É um absurdo uma garantia dessa”.
Perguntado se não houve a leitura dos documentos para a reunião do conselho, Sinedino fala que os processos em discussão têm “mil páginas”. “Existem assistentes que discutem e trazem um resumo ao conselho dos pontos mais relevantes. No caso dessa carta, não foi revelado. Se você tem um assessor que te informa mal, que sonega informação, ele tem que ser identificado”.
Ele também pede a punição do responsável pela omissão do dado. “O problema da legalidade, das coisas funcionarem é justamente a possibilidade da punição. Isso vai trazer a consciência de que se fizer mal feito, haverá punição. Se não existe punição, as pessoas ficam à vontade”.
O representante também aponta que os conselheiros não têm assessores. “A gente se baseia na assessoria da Petrobras, a gente faz isso em confiança”. Sobre mudanças que evitem esse problema, Sinedino diz que “contra má-fé, não há sistema no mundo que resista”.
A respeito de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a situação envolvendo a Petrobras, o representante é cético. “A CPI, a gente já viu, CPI funciona muito no procedimento de criar a dificuldade para vender a facilidade, para fazer uma pressão contra o governo por interesse político. Acho mais efetiva investigação pelo TCU [Tribunal de Contas da União], MP [Ministério Público] e Polícia Federal”.