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Rússia diz que concluirá nesta semana a incorporação da Crimeia

O processo legal para incorporar a Crimeia à Rússia será concluído nesta semana, disse o chanceler russo, Serguei Lavrov, nesta quinta-feira.

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O presidente Vladimir Putin assinou na terça-feira um tratado que incorpora a região ucraniana à Rússia, e a câmara caixa do Parlamento russo deve ratificá-la nesta quinta-feira. A câmara alta fará o mesmo na sexta-feira.

«Medidas práticas estão sendo tomadas para implementar os acordos sobre a entrada da Crimeia e (da cidade portuária crimeana) de Sebastopol na Rússia», disse Lavrov à agência de notícias Itar-Tass. «O processo jurídico será concluído nesta semana.»

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A anexação da península do mar Negro, onde há ligeiro predomínio étnico dos russos, motiva a maior crise entre a Rússia e os EUA e Europa desde o fim da Guerra Fria.

Lavrov atribuiu veladamente a culpa disso aos EUA, dizendo que havia nações ocidentais tentando «preservar sua liderança global e exibir seu excepcionalismo em vez de se empenhar em serem guiadas pelo direito internacional».

Segundo ele, Moscou continuará usando «métodos políticos, diplomáticos e legais» para proteger russos no exterior. «Vamos insistir que os países nos quais nossos compatriotas se encontram respeitem plenamente seus direitos e liberdades», afirmou.

A Rússia acusa o novo governo pró-ocidental da Ucrânia de ameaçar a população russófona no leste ucraniano.

O tratado a ser aprovado pelo Parlamento russo – controlado pelo governo de Vladimir Putin – estabelece que a Crimeia e Sebastopol serão incorporados à Rússia como novas regiões a partir de 1º de janeiro, após um período de transição.

A Rússia já começou a emitir passaportes seus para os crimeanos, disseram autoridades à agência Interfax.

No domingo, o eleitorado da península aprovou por esmagadora maioria a anexação da região à Rússia. Os EUA e a União Europeia já impuseram sanções a funcionários russos apontados como responsáveis pelas ações de Moscou na Crimeia.

‘Crimeia sempre será da Ucrânia’, declara Parlamento

O Parlamento ucraniano aprovou nesta quinta-feira uma resolução na qual declara que a Crimeia continua sendo parte da Ucrânia e que o país deve lutar até o fim pela região, uma península estratégica ao Sul do país. «Em nome do povo ucraniano, a Rada [Parlamento] declara que a Crimeia foi, é e será parte da Ucrânia. O povo ucraniano nunca e em qualquer circunstância cessará a luta para libertar a Crimeia dos ocupantes, por mais dura e prolongada que esta seja».

Proposta pelo presidente interino na Ucrânia, Oleksander Turchynov, a resolução foi aprovada com votos favoráveis de 274 deputados, entre os 303 que estavam presentes no plenário do Parlamento. Os parlamentares também apelaram para que todos os membros da comunidade internacional não reconheçam a anexação da Crimeia à Rússia, votada neste domingo em referendo considerado ilegal pelos Estados Unidos, União Europeia e Japão.

A declaração aprovada denuncia ainda que a Crimeia foi invadida pela Rússia, numa violação flagrante não apenas de um país soberano – que é a Ucrânia, mas também das normas do direito internacional, representada, entre outros gestos, pela assinatura, nesta terça-feira, do tratado de anexação da península ao território russo.

Após ataques de milícias pró-Rússia, que culminaram com a morte de um oficial ucraniano, a Ucrânia anunciou nesta quinta-feira que elabora medidas para que militares e duas famílias possam deixar a Crimeia. Nesta quarta-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou que a União Europeia vai ampliar a lista de personalidades russas e ucranianas pró-Rússia com proibição de vistos e congelamento de bens, como parte das sanções aos responsáveis pela crise na região.

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