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Ex-premier Ariel Sharon será enterrado na segunda-feira

Sharon sofreu em 4 de janeiro de 2006 um derrame e desde então estava em estado de coma | David Furst/Reuters
Sharon sofreu em 4 de janeiro de 2006 um derrame e desde então estava em estado de coma | David Furst/Reuters

O funeral do ex-premier de Israel Ariel Sharon, morto neste sábado aos 85 anos, será realizado na próxima segunda-feira, em duas etapas. Primeiro haverá uma cerimônia militar no Knesset, o Parlamento do país, em Jerusalém. Depois o corpo segue para o seu rancho no deserto de Neguev, onde ele será sepultado.

Sharon será enterrado ao lado do túmulo de sua mulher, Lily, que morreu vítima de um câncer, em 2000. As informações são do jornal “Haaretz”, segundo o qual o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, estará presente no funeral.

No entanto, de acordo com o cotidiano, o corpo de Sharon será velado já a partir deste domingo, no Knesset.

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Sobre o ex-primeiro-ministro israelense

Ariel Sharon foi o idealizador de um grande projeto, o de fixar as fronteiras de Israel, algo que poderia ter modificado o rumo do conflito israelense-palestino.

Em estado vegetativo após um derrame cerebral, Sharon nasceu em 27 de fevereiro de 1928, em uma Palestina sob mandato britânico, e foi o braço direito do fundador histórico da direita nacionalista, Menahem Begin, que chegou ao poder em 1977, antes de revolucionar o panorama político israelense.

Como nenhum outro dirigente, este homem com fama de «falcão» colocou sob suspeita o sonho do «Grande Israel» ao ordenar a retirada da Faixa de Gaza, em 2005, após 38 anos de ocupação. Até então ninguém havia se atrevido a tocar na política de colonização para desmantelar assentamentos.

O mais surpreendente foi a decisão ter partido daquele que foi o paladino da colonização. Mas Sharon concluiu que Israel tinha que renunciar a manter todos os territórios conquistados na guerra de 1967 se desejava continuar sendo um «Estado judeu e democrático».

Algumas decisões provocaram o ódio dos palestinos, a irritação da comunidade internacional e muitas críticas em Israel. Mas com a retirada de Gaza recebeu muitos elogios.

Chefe de guerra implacável

Quando era ministro da Defesa de Israel, Sharon executou em 1982 uma interminável e desastrosa invasão do Líbano para tentar expulsar Yasser Arafat, o dirigente histórico palestino.

Uma investigação oficial o declarou culpado de não ter previsto nem impedido os massacres cometidos nos campos de refugiados de Sabra e Chatila em setembro de 1982 por uma milícia cristã aliada de Israel. Sharon teve que renunciar ao cargo.

Ariel Sharon, um personagem impetuoso e tenaz, com físico imponente e humor mordaz, pouco cuidadoso com o financiamento das campanhas eleitorais, deu as costas em novembro de 2005 ao Likud para criar o partido de centro Kadima, enquanto planejava outras retiradas da Cisjordânia.

O «Buldôzer»

Nascido em uma família procedente de Belarus, Ariel Sharon mostrou durante a longa carreira no exército, iniciada aos 17 anos e onde foi ferido em duas ocasiões, um gosto pelos métodos expeditos.

À frente da unidade 101 dos comandos e depois das unidades de paraquedistas, liderou operações de punição, a mais violenta terminou em 1953 com a morte de quase 60 civis na localidade palestina de Kibia.

Em 1969, Sharon debilitou por muito tempo a resistência palestina em Gaza com operações dos comandos.

Durante a guerra de outubro de 1973, voltou a demonstrar suas capacidades militares ao atravessar o canal de Suez e cercar o exército egípcio com uma manobra ousada.

Em 28 de setembro de 2000, sua visita à Esplanada das Mesquitas em Jerusalém Oriental, terceiro local sagrado islã, provocou indignação. No dia seguinte explodiu a segunda Intifada.

Mas Sharon considerou a situação apenas uma pequena batalha de uma «guerra de 100 anos» contra o sionismo e Israel. Com a promessa de esmagar a revolta palestina, foi eleito de maneira triunfal primeiro-ministro em 6 de fevereiro de 2001 e reeleito em 28 de janeiro de 2003.

Ele queria a separação dos palestinos, mas segundo as condições de Israel. Esta era a missão histórica que pretendia realizar.

Pouco depois de seu derrame, o homem forte de Israel passou a cair no esquecimento, preso a uma cama de hospital e velado pela família. O nome era citado de maneira esporádica pela imprensa.

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