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Cidade bi(ke)polar

seloQuando o assunto é ciclistas, São Paulo tem duas caras. Nos dias úteis, quem pedala tem 60 km de ciclovias (faixas exclusivas para bicicletas) ou deve disputar território com carros, motos e ônibus.

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Aos domingos, a capital ganha 120 km de ciclofaixas de lazer, projeto criado em 2009  pela prefeitura.

“São Paulo é agressiva para ciclistas durante a semana e acolhedora aos domingos. Por isso, prefiro sair em grupo e só à noite”, diz o holandês Fernando Schulman, 41 anos.

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Esta São Paulo “bipolar” surpreende Schulman, que cresceu em um dos países que é modelo no uso das bikes como meio de transporte.

“Já a mobilização para ciclistas aos domingos é algo que nunca vi em outro lugar do mundo”, diz Schulman.

Mas a cada segunda-feira, a cidade volta a ser um terreno hostil para bikes, como quem não anda só por lazer sabe. “Para pedalar em São Paulo tem que ter sangue frio e se impor. A cidade não foi projetada para isso e a maioria dos motoristas não nos respeita”, diz Victor Garofano, 23, que trabalha na Giro Courier, empresa de entregas com bikes.

Segundo a CET (Companhia de Engenharia e Tráfego), 52 ciclistas morreram na cidade em 2012. Até maio deste ano, outros 15 entraram para esta estatística.

Há quem não se intimide. “Há 1 ano, troquei o carro pela bike. Não é seguro, mas temos conquistado espaço”, diz Daniel Moral, 38, organizador do Bike Tour SP, que promove passeios aos domingos.

Ainda de acordo com a CET, e de acordo com o plano de metas da prefeitura, a distância entre estas “duas cidades” deve diminuir em 2016. “Hoje, o foco é estruturar ciclovias em bairros com mais demanda, como o Grajaú. A partir de 2014  começam as obras de 150 km de novos corredores de ônibus, que vão incluir ciclovias”, disse Ronaldo Tonobohn, superintendente de Planejamento da CET.

A CET oferece desde 2000 um curso gratuito voltado para ciclistas, ministrado na Barra Funda, zona oeste. Chamado de «Pedalar com Segurança», o curso tem carga horária de 8 horas e cada turma é formada por 12 participantes. Os interessados devem ter mais 18 anos ou mais e saber andar de bicicleta.

Há aulas teóricas, com informações sobre equipamentos de segurança, manutenção da bicicleta, Código de Trânsito Brasileiro. Para a parte prática, os alunos pedalam numa ciclovia e conhecem todos os procedimentos que os ciclistas devem adotar ao se deslocar pela cidade.

As aulas também incluem lições com estratégias para ampliar a segurança em situações de risco no trânsito, técnicas e exercícios de frenagem, equilíbrio, mudanças de marchas e orientações de como manter a bicicleta.

As inscrições para o curso podem ser feitas pelo e-mail: dco2@cetsp.com.br. As aulas são divididas em dois períodos, manhã (aula teórica) e tarde (prática), das 8h30 às 17h30.

Segundo a CET, o curso já formou 31 turmas e capacitou 355 ciclistas desde que foi lançado.

Essa reportagem foi feita de forma colaborativa com os leitores que participaram pelo site www.metrojornal.com.br 

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