Não é apenas uma sensação: a recessão dos encontros amorosos tem respaldo científico. Michael J. Rosenfeld, sociólogo de Stanford, publicou um estudo intitulado “Solteirice e a Recessão dos Encontros Amorosos na Pandemia”, no qual analisa dados da pesquisa How Couples Meet and Stay Together (HCMST).
Nesse estudo, ele relata que a proporção de adultos americanos que se identificam como solteiros aumentou de 18,9% em 2017 para 24,3% em 2022, o que equivale a mais de 10 milhões de pessoas que não formaram relacionamentos estáveis.
Rosenfeld atribui esse aumento à fragilidade dos relacionamentos casuais durante a pandemia e às barreiras para conhecer pessoas causadas pelo distanciamento social, medo de contágio e fechamento de locais de encontro.
De fato, de acordo com uma pesquisa do Pew Research Center, 63% das pessoas solteiras que procuram um parceiro disseram que sua vida amorosa se tornou mais difícil durante a pandemia. Esses dados reforçam a hipótese de que o isolamento social não prejudicou apenas a saúde mental, mas também o mercado sentimental.

Por outro lado, existem aplicativos de namoro que, embora facilitem conexões, também geraram frustração e cansaço. A dinâmica de deslizar infinitamente, conversas interrompidas e expectativas raramente atendidas criou uma sensação de exaustão emocional.
Prioridades econômicas em detrimento do romance
A recessão amorosa também tem um lado econômico. Um estudo recente do Bank of America, “Better Money Habits Study 2025”, revela que, entre os jovens de 18 a 28 anos (Geração Z), mais da metade (53% dos homens e 54% das mulheres entrevistados) relatam gastar US$ 0 por mês com encontros.
Algumas das razões são o alto custo de vida, o menor apoio familiar e uma mentalidade financeira muito mais prudente, onde poupar e pagar dívidas se tornaram prioridade.

O que diz a Vogue?
A conversa tomou um novo rumo quando a Vogue publicou um artigo intitulado “Ter um namorado é constrangedor agora?”, escrito por Chanté Joseph. O texto explorou uma tendência cultural em que muitas mulheres sentem que anunciar o relacionamento nas redes sociais não é mais desejável, chegando a questionar se “ter um namorado” é um símbolo de estagnação ou dependência.
Joseph inclui vozes que afirmam que estar em um relacionamento não é mais uma conquista romântica, mas sim que ser solteiro se tornou uma declaração de liberdade e crescimento pessoal.

Essa ideia repercutiu porque, segundo alguns, priorizar a si mesmo não significa rejeitar o amor, mas sim reconquistá-lo em seus próprios termos.
O que tudo isso significa para o nosso mundo emocional?
- Os relacionamentos estão mudando, não desaparecendo. Estar solteiro não é um fracasso; muitas vezes, é uma escolha consciente de priorizar outros projetos, sejam eles trabalho, desenvolvimento pessoal ou estabilidade financeira.
- Mais qualidade, menos quantidade. Ao descartar relacionamentos superficiais ou aplicativos de relacionamento, algumas pessoas estão buscando conexões mais profundas, intencionais e autênticas.
- Repensando a conexão social. Aplicativos não são suficientes; precisamos nos reconectar com espaços seguros para nos encontrarmos, conversarmos e construirmos laços mais íntimos.
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Se você se sente parte dessa “recessão do amor”, se está solteiro por escolha ou circunstância, isso não significa que o amor acabou. Pelo contrário, os dados mostram que ele está evoluindo. Estamos aprendendo a nos amar melhor, a não depender de outra pessoa para nos sentirmos completos e a valorizar projetos individuais tanto quanto os românticos.

O desafio não é mais encontrar um parceiro a qualquer custo, mas construir relacionamentos sinceros e duradouros quando chegar a hora certa.

