Se muita gente já era sedentária antes da pandemia, depois das restrições, esse comportamento se tornou parte do “novo normal”. O agravamento da inatividade física está associado a um aumento dos casos de diabetes tipo 2 e mortes por doenças crônicas, segundo pesquisa da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
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Dados de três estudos internacionais foram cruzados. Nos primeiros meses de pandemia, constatou-se uma redução de 35% no nível de atividade física e crescimento de 28,6% nos comportamentos sedentários, caracterizados também por uma má alimentação.
“A pessoa que não atinge as recomendações mínimas de atividade física, a longo prazo, vai ter chance maior de desenvolver diabetes e do acúmulo de fatores de risco para outras doenças crônicas. Ela diminui sua expectativa de vida e o risco de mortalidade aumenta”, explica Emmanuel Ciolac, coordenador do estudo.
A estimativa é de que a prevalência de inatividade física no cenário mundial atual seja de 57,3%, entre pessoas com mais de 40 anos, e 57,7%, entre indivíduos com risco de diabetes. Caso o quadro se mantenha, esse fator será responsável por 9,6% (11,1 milhões) dos casos de diabetes e 12,5% (1,7 milhão) das mortes por ano, no mundo inteiro.
“A mensagem que fica é ter consciência de que a atividade física é fundamental para a saúde e que a gente precisa fazer o mínimo necessário para prevenir doenças e, caso já tenha, para ajudar no controle.”
Exercício em dia
O recado do pesquisador é claro para algumas pessoas. Desde julho, os paulistanos voltaram a poder se exercitar em academias e parques da cidade. Com as restrições, o vendedor Brunno Ohl ficou um tempo parado, mas voltou a frequentar um espaço, instalado no centro da cidade, para fazer atividade física.
“Eu acho que a academia é um grande aliado contra essa doença. É essencial se exercitar, sempre com muita cautela e muito cuidado”, afirma. “A pessoa, quando tem medo, e precisa fazer algo, vai fazer com mais cautela, vai ter um cuidado redobrado.”
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Como sair da inatividade física com segurança
Não é preciso muito para começar a se mexer. A recomendação semanal de exercícios está entre 150 e 300 minutos de atividade física moderada ou de 75 a 150 minutos de atividade rigorosa. Quem não tem o costume, pode iniciar aos poucos.
A instrutora de superioga Angélica Banhara sugere colocar mais movimento no dia a dia. Em vez de sair com o carro, por exemplo, por que não ir a pé? Fazer a faxina, brincar com o filho, o cachorro – qualquer tarefa que exija movimentação vale.
Quem deseja, também pode pular direto para o exercício. “O ideal, quando se começa, é a caminhada, a mais democrática que existe”, diz. “As aulas online são uma excelente opção, porque não oferecem risco, têm um custo muito baixo e várias delas são gratuitas. A minha dica é só não começar pegando muito pesado, se você estava parado, pois isso aumenta o risco de se lesionar”, recomenda a instrutora, que dá aulas online para mais de 100 pessoas.

*Com supervisão de Luccas Balacci