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Afinal, uma taça de vinho faz bem? Estudo tenta desmentir os supostos benefícios do álcool

Por volta de 2,3 bilhões de pessoas bebem álcool. Em 2016, cerca de 3 milhões de pessoas morreram por conta do abuso de bebida, no mundo inteiro, de acordo com um relatório pela OMS. Além disso, este consumo desenfreado é o que causa, segundo dados da instituição, mais de 5% das doenças globais.

Contudo, alguns artigos que se tornaram virais sobre o consumo de álcool dizem que sua ingestão pode ser até benéfica para alguns aspectos da saúde. Na verdade, se popularizou a crença de que tomar uma taça de vinho ao dia é saudável: um dos estudos mais recentes, feito em 2017, pretendia demonstrar que em pessoas mais velhas o consumo de vinho moderado reduzia o risco de doenças cardiovasculares.

Mas o último estudo especializado, publicado na revista The Lancet, mostra que beber não tem absolutamente nenhum benefício, segundo especialistas do Reino Unido e da China. A pesquisa se soma a outro estudo divulgado na mesma revista, mostrando que nenhum nível de consumo de álcool seria saudável.

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Os pesquisadores da Universidade de Oxford, Pequim e da Academia de Ciências Médicas da China mostraram que beber álcool uma  ou duas vezes ao dia incrementa o risco de derrame cerebral entre 10 a 15%, e beber quatro vezes, em 35%, além de não proteger de nenhuma doença. Porém, outros especialistas questionaram a amostra – 500 mil adultos chineses, durante dez anos.

Fatores em jogo

Pesquisadores afirmam que a composição genética da Ásia Oriental tem uma porcentagem com tolerância limitada ao álcool. Os cientistas se pautaram na genética para comparar resultados de consumidores e não consumidores, mas isto é precisamente o que se critica: há mais fatores para determinar a causa da morte de um indivíduo em particular.

“Enquanto é bem conhecido que o alto consumo de álcool é perigoso, estudos prévios mostraram que os não consumidores e os ex-consumidores têm mais risco cardiovascular comparado aos consumidores moderados. Isso levou à conclusão de que beber um pouco pode proteger indivíduos de uma doença cardiovascular e esse fenômeno foi observado com a amostra da China.

Mas pode haver mais diferenças entre a amostra, além da ingestão do álcool, como grau de escolaridade, questões salariais e ser ou não sedentários. A doença pode ser explicada também por esses fatores, não só por seus hábitos de beber”, explica Stephen Burguess, líder da MRC Biostatistics Unit Group, da Universidade de Cambridge.

Burguess afirma que genes influenciam, mas que outros fatores de risco não foram considerados. Comparando grupos, mesmo que não seja observado nenhum efeito protetor, não é possível estabelecer de um modo claro que isso poderia afetar os benefícios e os malefícios do consumo de álcool levantados pelos autores.

“A associação entre consumo de álcool previsto geneticamente e doenças coronárias é vazia, sem nenhuma evidência de um aumento no risco com o consumo crescente, assim como de um efeito protetor com um consumo moderado. Entretanto, esta descoberta reflete a falta de evidência sólida mais do que a evidência da falta de um efeito”, enfatiza ele, dizendo que o tipo de álcool também afeta os resultados.

Contudo, o especialista concorda com o que pesquisadores tentaram comprovar em estudos anteriores. Beber não protege ou beneficia problemas cardiovasculares.

Portanto, Burguess insiste: “se você escolhe beber, limite o seu consumo”. Basicamente, o que temos ouvido há anos.

Consumo no Brasil está em queda

Um panorama publicado pelo CISA (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool) mostra que o consumo per capita de álcool caiu 11% entre 2010 e 2016, no Brasil. Por outro lado, mais adolescentes, principalmente, estão  tomando bebidas alcoólicas.

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