Estilo de Vida

Capril do Bosque, na serra da Mantiqueira, une gastronomia e turismo

Sabe aqueles lugares que você se surpreende com a qualidade dos produtos, se diverte, aprende e ainda sai com uma sensação de que tudo pode dar certo? É o que acontece no Capril do Bosque, propriedade da queijeira Heloisa Collins, em Joanópolis, na serra da Mantiqueira, há 120 quilômetros da capital. Lá, muitas coisas interessantes acontecem, a começar, é claro, pela produção dos queijos caprinos, que são feitos artesanalmente, têm ótima qualidade e um equilíbrio muito interessante que tocam todos os sentidos. São sete tipos, do mais fresco ao azul, muito procurados pelos chefs, servidos em restaurantes do calibre do Attimo, Carlota, Tivoli e afins, e vendido no Eataly e A Queijaria, entre outros.

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Os queijos são a paixão de Heloísa, que foi professora de linguística aplicada na PUC, e já na década de 1970 comprou a propriedade e começou a flertar com a arte da queijaria, naquele momento, fazer queijos ainda era um hobby e ainda usava o leite de vaca. Viajava muito pela universidade, e sempre conseguia explorar a sua curiosidade pela queijaria por aí… Com os anos 80 veio o interesse pelas cabras e, nos anos 90, a internet lhe abriu o vasto mundo da pesquisa sobre livros, técnicas, produção e mofos do mundo inteiro. E os queijos foram ficando bons, cada vez melhores, até que chegou a hora de Heloísa se render aos incentivos de parentes e amigos, fazer o hobby virar profissão e se dedicar totalmente ao novo ofício. E assim tem sido.

Mas não é só isso. Voltaremos àquela sensação otimista de que tudo pode dar certo, e não é só pelo lugar bem cuidado, encravado na serra, mas que é despertado por um projeto coerente, cheio de ações sustentáveis, que se combinam entre si; aqui falaremos de algumas delas. Além de Heloísa, sua família também abraçou o projeto, num modelo que chamam de turismo de experiência, que está na moda fora do Brasil e que deveria ter muitos mais adeptos por aqui.

Começando pelos queijos, não é à toa que a qualidade  chame a atenção, além de toda pesquisa e dedicação da queijeira, há muita atenção às condições da produção. As cabras ficam num estábulo suspenso, para não ficarem em contato com os seus dejetos, que vão para a compostagem e viram adubo, para enriquecer toda a produção orgânica da propriedade, tanto da alimentação delas mesmas (80% é produzido por lá mesmo), quanto a horta que abastece o bistrô, da chefe Ju Raposo, do qual falaremos logo adiante. Ainda sobre as cabras, todas têm nome, ficam separadas por idade, são mansas e bem tratadas, aceitam carinho – ou mais do que isso adoooooram atenção. Para terem conforto e não correrem o risco de sofrer inflamações, e claro, fornecerem leite de boa qualidade para os queijos, têm duas ordenhas manuais por dia. Essa ordenha já foi mecânica, mas, além de estressar os animais, o que os faziam sofrer, alterava a qualidade dos queijos, porque misturava sangue e a dor fazia com que produzissem mais hormônios ligados ao estresse, o que alterava o sabor. Resultado: cabras “orgânicas” bem tratadas e alimentadas, felizes e calmas produzem um ótimo leite, matéria-prima fundamental para um queijo pra lá de especial.

E como Heloísa já tinha a propriedade, e a filha, chef Ju Raposo, já morava em Joanópolis, construíram um bistrô lindo e aconchegante, que tem nos queijos de Heloísa a base de todas as suas preparações, além de tábuas para degustação, com pães e geleias artesanais, feitas por lá – aceite a sugestão da chef e harmonize com cerveja, e não deixe de provar as saladas, feitas só com as verduras orgânicas e fresquíssimas, tiradas da horta ali do quintal. E ainda, sob os cuidados de Vitor Colins, o caçula de Heloísa, pode-se fazer uma visita guiada pela propriedade, com explicações sobre as instalações e manejo humanizado das cabras, a produção dos queijos e sobre as mais de dez ações sustentáveis. Vitor organiza ainda passeios a cavalo. E há uma área para piquenique. No bistrô são vendidas cestas prontas, por encomenda, mas quando visitamos o Capril, o local carecia de uma atenção melhor para que a experiência fosse totalmente agradável.

No fim da visita, se resolver ficar mais um dia, os anfitriões indicam pousadas e atrações da região. Se voltar, certamente estará feliz pelo dia no campo, pelo projeto bacana, de alma renovada, botas sujas e barriguinha e sacolas cheias de queijos deliciosos. Mais informações:  no site: www.caprildobosque.com.br

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