
Aprender com a prática é uma das vantagens da educação profissional, que cada vez mais se destaca por proporcionar aos estudantes a vantagem de aprender fazendo. Um caso exemplar é o da nova embarcação da Família Schürmann, construída com a participação de professores e alunos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Itajaí (SC).
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O veleiro, em alto mar desde setembro de 2014, está programado para navegar até dezembro de 2016 e percorrer o globo. Para a terceira volta ao mundo, desta vez rumo ao Oriente, a família precisava de um veleiro de grandes proporções, para enfrentar águas de diferentes profundidades e atracar em pequenos portos, conta o diretor do SENAI de Itajaí, Geferson Santos. “A quilha (peça da parte inferior do barco, que corta a superfície da água) precisava ser retrátil, ou seja aumentar e diminuir conforme as condições de navegação.”
Desafio
Professores, alunos, e o engenheiro naval Horácio Carabelli, contratado pela família Schürmann, encararam o desafio de construir a primeira quilha retrátil do país. O trabalho consumiu cerca de oito meses. “Em cada etapa grupos de alunos acompanharam a construção”, relata o diretor do SENAI. “Ficamos sem respirar até o barco enfrentar a travessia mais perigosa da expedição”, desabafa Santos.
A partir de Itajaí, nos primeiros sete meses, o veleiro já passou pelo Sul do Brasil, Uruguai, Argentina, Antártida e Chile. Um teste importante ocorreu no Cabo Horn, em Ushuaia, extremo sul da Argentina, durante uma tempestade, segundo informou Vilfredo Schürmann. “O barco inclinou apenas 20 graus, apesar dos ventos fortes.”
Para os alunos foi uma chance de vivenciarem de perto a profissão. “Em um laboratório simulamos uma situação, no veleiro dos Schürmann foi tudo real”, destaca Marcelo de Oliveira, instrutor de qualificação técnica de soldagem do SENAI de Itajaí.
No lugar de salas de aula, mais oficinas e laboratórios
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“No SENAI, o número de salas de aulas é cada vez menor”, afirma Felipe Morgado, gerente-executivo de educação profissional da instituição. Boa parte da aprendizagem, segundo ele, acontece em laboratórios e oficinas. “Nossa preocupação ao montar o currículo de um curso é a de formar um profissional que atenda as necessidades do mercado”, observa.
O gerente do SENAI ressalta que não se trata de priorizar um em detrimento do outro. “A prática e a teoria podem acontecer no mesmo espaço”.
Em Itajaí, atualmente a restauração de um veleiro histórico todo construído em madeira ocupa os alunos da unidade.
Oportunidade rara, diz o aluno Rodrigo Gonçalvez, do curso técnico de construção naval. “Por ser uma embarcação mais artesanal, as técnicas empregadas são bem diferentes dos métodos de hoje em dia.”