Se fosse possível tomar por empréstimo a lâmpada mágica de Aladdin, o palmeirense nem precisaria do segundo e do terceiro pedidos ao Gênio. O primeiro bastaria e não seria tarefa das mais complicadas decifrar qual seria.
A delegação alviverde decolou na terça-feira (2) – de avião, não de tapete voador! – e desembarca nesta quarta-feira (3) na capital do Qatar, Doha. Na bagagem rumo ao mundo árabe, a alcunha de melhor equipe da América e o sonho de conquistar o planeta.
Mas, para atingir o topo, haverá mais duas escalas. Primeiro, na semifinal, domingo, diante do vencedor entre os mexicanos do Tigres e o Ulsan Hyundai, da Coreia do Sul. Avançando, a grande final contra quem passar entre Al Duhail, representante do país-sede e time de Dudu, e o poderoso Bayern de Munique, da Alemanha.
Recomendados
Cristiano Ronaldo está sendo muito rude, os gestos mais obscenos do jogador no Al Nassr
Checo e Verstappen lideram os pilotos da Fórmula 1
Filipe Toledo anuncia pausa temporária no Circuito Mundial de Surfe
O frio na barriga acompanha os palmeirenses nessa jornada desde o apito final no Maracanã, contra o Santos. Mas não sozinho. A confiança está junto, clara como as palavras de Abel Ferreira, leve igual ao domínio de bola de Gabriel Menino, firme como os desarmes de Gustavo Gómez.
Foram 22 anos desde que o Verdão e sua fanática torcida tiveram o mesmo sentimento, em 1999. Naquela ocasião, o troféu escapou entre os dedos. Uma lição, que somente os grandes podem aprender. E só os gigantes têm a chance de corrigir.
“De fato, é campeão”, diz o hino. “Tem que jogar com alma e com o coração”, canta a torcida, de mais de 16 milhões de apaixonados, impedidos de acompanhar o clube por conta da pandemia.
Mas não de mandar a energia e o pensamento positivo para um dos momentos mais marcantes da gloriosa história verde. Que a mágica, então, aconteça. Eis, sem medo de errar, o primeiro pedido.
HERÓI AUSENTE
Autor do gol histórico contra o Santos no Maracanã, que rendeu a vitória por 1 a 0 e o título da Libertadores, Breno Lopes está fora da disputa. O regulamento não permite a inscrição de atletas que se transferiram para os clubes participantes após o fechamento da janela internacional, como foi o seu caso. Ainda assim, ele acompanha a delegação alviverde em Doha
SÓ MAIS UMAZINHA
A Fifa vai testar no torneio as substituições extras em caso de concussões. Se um jogador sofrer algum choque na cabeça e os médicos avaliarem que há risco de uma concussão, o time poderá fazer uma substituição a mais, independente de quantas já tenham sido realizadas – desde o retorno do futebol, são cinco no tempo normal e uma se houver prorrogação
1º OU 2º MUNDIAL?
A principal piadinha de rivais sobre o Palmeiras é em relação ao Mundial. O clube se autodenomina 1º campeão mundial da história, em referência ao título da Copa Rio Internacional de 1951. De fato, o torneio teve grande relevância na época por ter sido a primeira competição interclubes com abrangência mundial. O “problema” surgiu porque o Verdão só começou a correr atrás do reconhecimento do torneio em 2002, dois anos depois do rival Corinthians ter conquistado a primeira Copa do Mundo de Clubes – este é outro tópico bem polêmico. A Fifa reconheceu o título palmeirense como mundial em 2007. Só que, com o precedente, diversos outros clubes buscaram o mesmo parecer, por múltiplos torneios. Com receio dessa corrida por mundiais, a Fifa recuou em 2017, e passou a reconhecer campeões mundiais apenas os clubes que faturaram o Torneio Intercontinental, entre os anos de 1960 até 2004, antes da criação do seu Mundial de Clubes
A GENTE VÊ POR AQUI MESMO
Por conta da pandemia e, especialmente pelas regras sanitárias do Qatar para combatê-la, os palmeirenses não poderão acompanhar o time. Apenas estão liberados para circular como turistas cidadãos locais e de países vizinhos. Para quem vem de fora, é necessário, no mínimo, um período de isolamento de sete dias, o que já inviabilizaria a ida da torcida – são 15 horas de voo. Os estádios estão liberados para receber 30% da capacidade máxima, mas os ingressos ficaram restritos basicamente aos locais. A Fifa informou que haverá controle de temperatura, distanciamento social e uso obrigatório de máscaras nos estádios
ESTAMOS COMBINADOS
O Auckland City, que seria o representante da Oceania, desistiu de participar do torneio por causa das regras sanitárias rígidas no seu país, a Nova Zelândia. Assim, com seis equipes em vez de sete, o chaveamento terá um formato simples, com Palmeiras e Bayern de Munique iniciando a disputa já na semifinal
UM MUNDO À PARTE
O esquema de bolha de convivência, parecido com o que foi adotado na NBA, também será utilizado para os participantes do Mundial. As delegações só estão autorizadas a sair do hotel para treinar e jogar, com veto a passeios turísticos, eventos com patrocinadores ou recebimento de visitas. Cada clube só pode levar 55 membros, sendo 23 jogadores e mais 22 pessoas entre comissão técnica e dirigentes
MOMENTO HISTÓRICO
Edina Alves Batista será a primeira mulher a apitar um Mundial de Clubes. A paranaense de 40 anos terá como auxiliares a também brasileira Neuza Back e a argentina Mariana de Almeida. A árbitra tem bagagem. Em 2019, ela apitou a Copa do Mundo Feminina, na França
TRANSMISSÃO
No Brasil, as partidas serão transmitidas pela Globo e pelo SporTV. O fuso horário do Qatar está seis horas à frente
ELES QUEREM TIRAR O TÍTULO DO VERDÃO
BAYERN DE MUNIQUE (ALE)
Vencedor da Liga dos Campeões da Europa
Técnico: Hansi Flick (ALE)
Campeão mundial em 1976, 2001 e 2013
É o time a ser batido no Qatar, como também na Alemanha, na Europa… Na última Liga dos Campeões, os bávaros não apenas levantaram a taça como fizeram uma campanha histórica, com 11 vitórias em 11 jogos, incluindo o atropelo por 8 a 2 contra o Barcelona. A força do time alemão tem se mostrado o conjunto, o jogo coletivo. Isso, por tabela, rendeu prêmios individuais, a exemplo do polonês Robert Lewandowski, eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa. Mas a lista e destaques do time é extensa, conra também com o goleiro Manuel Neuer, o meio-campista Joshua Kimmich e o atacante/meia/lateral/etc. Thomas Muller
ULSAN HYUNDAI (CDS)
Vencedor da Liga dos Campeões da Ásia
Técnico: Myung-Bo Hong (CDS)
Melhor campanha em Mundial: 6º colocado, em 2012
Adversário do Tigres (MEX) nas quartas de final e possível rival do Palmeiras na semi, o clube pertence à montadora de carros de mesmo nome. Chega em um momento de reestruturação, em especial após perder o maior goleador do time, o brasileiro Júnior Negão, que não renovou seu contrato. Para seu lugar, o time investiu no austríaco Lukas Hinterseer, que estava no Hamburgo, da Alemanha, e é um dos poucos estrangeiros do elenco. O destaque é o técnico, que também acaba de ser contratado. Myung-Bo é ídolo na Coreia do Sul e disputou quatro Copas do Mundo, incluindo a de 2002, em que o país chegou à semifinal
TIGRES (MEX)
Vencedor da Liga dos Campeões da Concacaf
Técnico: Ricardo Ferreti (BRA)
Estreante no Mundial
Favorito diante do Ulsan Hyundai (CDS) nas quartas de final a encarar o Palmeiras na semifinal. Vai com o time completo, que tem como destaque o atacante francês André-Pierre Gignac, de 35 anos, que está no clube desde 2015 e tem participações na Seleção Francesa na Copa do Mundo de 2010 e na Eurocopa de 2016. Um dos titulares é o volante brasileiro Rafael Carioca, ex-Atlético-MG e a única baixa, com covid-19, é Nico López, ex-Inter. Os mexicanos chegaram ao Qatar no último sábado e formam um dos times mais poderosos das Américas na atualidade, vencedor de quatro títulos nacionais nos últimos seis anos, além da “Concachampions”
AL DUHAIL (QAT)
Campeão do Qatar e representante do país-sede
Técnico: Sabri Lamouchi (FRA)
Estreante no Mundial
O representante do país-sede tem jogadores importantes no cenário da bola, como o zagueiro marroquino Medhi Benatia, com passagens por Bayern de Munique (ALE) e Juventus (ITA). Mas o aperto no coração palmeirense veste a camisa 77: Dudu, emprestado desde o meio do ano passado pelo Verdão por conta de problemas pessoais. O atacante estreia nas quartas, contra o Al Ahly. Se vencer, seu time pega o Bayern na fase seguinte
AL AHLY (EGI)
Vencedor da Liga dos Campeões da África
Técnico: Pitso Mosimane (AFS)
Melhor campanha em Mundiais: 3º colocado,
em 2006
O clube é o maior – e atual – vencedor da Liga dos Campeões da África, com nove títulos. Dono de uma das torcidas mais fanáticas do futebol, o Al Ahly tem como grande destaque do time que disputa o Mundial o capitão Mohamed El Shenawy, goleiro titular da Seleção Egípcia. Por uma vaga na semifinal contra o Bayern de Munique, o Al Ahly terá que superar o Al Duhail nas quartas