Protesto pede a democratização do sistema eleitoral da CBF

A terça-feira foi marcada por um protesto de populares e membros do Bom Senso F.C. em frente a sede da CBF, no Rio de Janeiro. O principal pedido é a saída da atual cúpula da entidade e a democratização de seu sistema eleitoral. Entre os presentes estavam Raí, Alex, Djalminha, Paulo Autuori e Afonsinho, além de um grupo de carca de 50 pessoas.

“Nosso objetivo é democratizar o sistema eleitoral da CBF, possibilitando que outras pessoas e grupos participem. Não representamos chapas. A gente tem ideias e quer colaborar por uma nova gestão, encontrar o melhor modelo. O melhor é abrir o debate para mais pessoas participarem”, declarou Raí em frente a sede da entidade.

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Atualmente a CBF está com o seu presidente, Marco Polo Del Nero, afastado em licença. Com José Maria Marin preso nos EUA, a entidade convocou para essa quarta-feira uma eleição para eleger o novo vice, mas Delfim Peixoto, que ocupa o cargo atualmente, conseguiu uma liminar para impedir o pleito.

A grande questão envolvida nessa eleição é sobre a possível sucessão ao cargo de presidente, já que Del Nero corre risco de ser suspenso pela Fifa. Assim, Delfim assumiria, mas o único candidato homologado é Antonio Carlos Nunes, que é mais velho que Delfim. O estatuto da CBF prevê que em caso de renúncia do presidente, assume o seu lugar o vice mais velho.

Os membros do Bom Senso F.C. presentes ao protesto, que começou a ser organizado por meio da hashtag #OcupaCBF nas redes sociais, leram um manifesto assinado por cerca de 130 pessoas, entre pessoas ligadas ao esporte, como Pelé, e artistas, como Chico Buarque.

“Não temos um nome (candidato), porque o sistema é fechado, viciado. Mas existem pessoas capacitadas que podem representar esses ideais. O mais importante é quebrar o sistema, partir do zero. O debate deve ser rico, amplo, com diversas propostas”, explicou Raí, que disse não possuir o perfil executivo, mas que está aberto para discussões.

“Se o Del Nero renuncia, a diretoria continua. A gente quer que o sistema seja quebrado. Pode ser até um deles, mas num sistema mais aberto”, completou Alex. No protesto havia diversas faixas pedindo a renúncia da atual diretoria da CBF e uma com a clara mensagem: «O futebol é do povo».

Pelé e Chico Buarque apoiam manifesto por nova CBF

Pelé, o compositor Chico Buarque e o apresentador do CQC, da Band, Dan Stulbach, são três das quase 130 personalidades que assinam um manifesto que pede mudanças na CBF. O documento foi divulgado nesta terça-feira, e tem entre signatários pessoas de diversas áreas, incluindo artistas, jornalistas, gente do meio acadêmico e, é claro, do futebol.

Eles cobram um novo modelo de eleições na CBF após os recentes escândalos de corrupção, pedem a renúncia imediata do presidente Marco Polo Del Nero (que está licenciado) e também uma maior cooperação entre Polícia Federal, Ministério Público e Receita Federal para investigar Ricardo Teixeira, José Maria Marin, que está preso nos EUA, e o atual mandatário licenciado da CBF. Del Nero também foi indiciado, junto de Teixeira.

CBF não vê motivos para pedir renúncia de Del Nero

Após os protestos e a leitura de um manifesto do Bom Senso F.C. em frente a sede da CBF no Rio de Janeiro, Walter Feldman, secretário-geral da entidade concedeu uma entrevista coletiva para falar sobre os pedidos das manifestações. Para ele, não há elementos suficientes para um pedido de renúncia do presidente Marco Polo Del Nero, que está afastado de licença atualmente.

“Está na Constituição a presunção da inocência. Não há no FBI nem na Comissão de Ética da Fifa nenhum elemento que a gente possa fazer um pré-julgamento sobre o presidente Marco Polo. Ele tem se pronunciado de maneira segura sobre isso e estará na CPI do Senado amanhã (quarta-feira). Pela primeira vez que terá a oportunidade pública de falar sobre sua inocência. Não há motivos para que haja manifestação de renuncia”, discursou.

Apesar de defender Del Nero, e dizer que acredita que o presidente voltará a assumir o seu cargo, Feldman declarou que a CBF está aberta ao diálogo e principalmente, acredita na alternância de poder, mas que para isso acontecer é necessário uma mudança estatutária na qual estão trabalhando.

“Todos nos que lutamos pela democracia acreditamos, deve haver uma alternância democrática, isso é tão forte, que na penúltima assembleia houve uma posição da maioria de mudança do estatuto. Estamos abertos a qualquer manifestação de desejo de aperfeiçoamento. Assumi também para formular as mudanças, de governança, de análise de risco, de código de ética, de transparência. Tudo isso vem sendo feito e sendo implantado, e vocês tomaram conhecimento disso tudo”, explicou o secretário.

Feldman lembrou que a CBF já se reuniu inúmeras vezes com o Bom Senso F.C. e citou o nome de Raí, que estava no protesto. O secretário-geral disse que o ex-jogador do São Paulo foi convidado várias vezes para ir à CBF, mas sempre recusou, perdendo a oportunidade de contribuir.

Sobre a Assembleia que está marcada para essa quarta-feira para eleger um novo vice-presidente, Feldman disse que não vê nada de errado nisso, já que é para um cargo vago, mas com a eleição suspensa por decisão da Justiça, afirmou que a CBF está tentando reverter o caso, e o pleito só acontecerá com o aval da Justiça. Ele também ressaltou que a Assembleia apoiou a eleição e a indicação de Antonio Carlos Nunes como candidato, o que não a torna uma decisão antidemocrática.

“Nosso diretor jurídico esta cuidando dessa assunto (eleição). Para nós, a assembleia foi convocado, mas está sob judice, esperamos ter uma resposta até o final da tarde. O que haverá amanhã é a eleição de um vive para ocupar uma vacância, nenhum momento houve um equivoco, estamos trabalhando para que essa decisão seja revogada, mas vamos respeitar a decisão da Justiça. Até agora, quase a totalidade das federações, 12 clubes da séria A e dez da série B já tinham assinado a indicação do Coronel”, declarou indicando um processo democrático na escolha do nome de Nunes.