Na etapa de Portugal do Mundial de Surfe – a penúltima do calendário, que começa no domingo -, um garoto brasileiro de 20 anos pode trazer um título inédito para o país. Ao longo do ano, Gabriel Medina provocou do assombro à idolatria, principalmente entre os jovens de sua faixa etária. Há motivos: o paulista já é o maior prodígio da história nacional do esporte e lidera o ranking, com 56.550 pontos, à frente do maior ídolo, Kelly Slater, 11 vezes campeão, que tem 50.050,
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Medina aprendeu a surfar no quintal de casa, em Maresias, litoral norte, onde foi criado. Interessou-se pelo surfe aos 8 anos, por influência do padrasto Charles, a quem chama de pai. Aos 17, já com um acúmulo impressionante de títulos, ingressou no circuito mundial, o WCT – foi o mais jovem surfista brasileiro a conquistar a vaga.
A frieza e o estilo corajoso e veloz de Medina já arrancaram, inclusive, elogios rasgados de Slater. “É o cara mais perigoso do surfe mundial. Ele vence em condições e ondas nas quais não tem a menor experiência, e as pessoas não sabem o que esperar. Ele é mais determinado e faminto pela vitória que qualquer outro surfista. Embora eu vá fazer tudo que possa para impedir esse cara neste ano, eu sou um grande fã”, escreveu o ícone no Instagram, há dois meses, quando Medina o superou na etapa do Taiti.
Gabriel tem como exemplo pessoal a trajetória de Ayrton Senna, e é comparado a outro jovem atleta de quem, inclusive, é amigo: Neymar. Diferentemente do atacante do Barcelona, cuja vida romântica e as festas frequentadas viram assunto nos veículos de comunicação, a rotina de Medina é mais caseira e tranquila. Enquanto viaja pelos mares ao redor do mundo, o garoto tenta manter a discrição e admite ter muita saudade da família.
Para levar o título e se consagrar de vez, o paulista só precisa vencer em terras portuguesas – em 2012, o jovem levou o segundo lugar na mesma etapa. Mesmo se perder antes da hora, contudo, ele ainda pode ser campeão antecipado, embora neste caso vá depender de uma combinação de resultados.
Caso não dê, a chance ficará para a derradeira e icônica última etapa, no Havaí, que começa em 8 de dezembro e pela qual ele espera com “frio na barriga” e muita modéstia: traços de um menino que busca, acima de tudo, se divertir nas ondas que enfrenta.
Como é essa experiência de se tornar um ídolo, com oportunidade concreta de um inédito título mundial?
Está sendo incrível ser reconhecido por todos. Mas, sobre o título, vamos torcer para tudo dar certo. Ainda faltam duas etapas…
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Você está ansioso com o fim do campeonato?
Sim, muito! (risos). Dá um frio na barriga todo round, mas é tranquilo até.
Qual foi seu primeiro contato com uma prancha e quando você percebeu que queria ser surfista profissional?
Meu primeiro contato foi mais ou menos aos 8 anos e a partir dos 12 já tinha decidido que era aquilo que queria para a minha vida.
O Mundial envolve uma maratona de viagens. Como é sua preparação para girar o mundo?
É verdade que é uma maratona. Procuro me concentrar, chegar antes nas etapas, conhecer o mar e busco surfar todo tipo de onda.
Muitos se impressionam com a sua pouca idade. Como você vê a própria juventude e quais tipos de sacrifício teve que fazer?
Não posso reclamar. Amo surfar e sei que muitos garotos gostariam de estar no meu lugar. Acho que o maior sacrifício é ficar longe da família.
No Taiti, você venceu o maior de todos os tempos, Kelly Slater. Como é sua convivência com ele? São amigos?
Nossa convivência é tranquila, somos competidores na água, fora dela somos colegas e temos um bom relacionamento.
E o que gosta de fazer, quando não está treinando ou competindo?
Gosto de ficar nas redes sociais.