Existem filmes que não tentam reinventar o melodrama, mas ainda assim conseguem nos tocar profundamente. São histórias que exploram laços familiares rompidos, o amor em meio ao caos e a possibilidade de reconstruir o que parecia perdido. ‘Se não fosse você’ pertence a essa categoria: um filme honesto, emocionante e luminoso que não precisa de reviravoltas complexas na trama ou discursos exagerados; ele simplesmente nos mostra personagens fragilizados tentando se curar, de modo que, sem percebermos, nos vemos refletidos neles.
Baseado no romance homônimo de Colleen Hoover e dirigido por Josh Boone (A Culpa é das Estrelas), o filme acompanha Morgan (Allison Williams), uma mulher que enfrenta a morte repentina do marido e da irmã enquanto seu relacionamento com a filha, Clara (Mckenna Grace), se desfaz. Em meio ao luto, segredos de família começam a vir à tona, ameaçando destruir o pouco que lhes resta. O que parecia ser apenas mais um drama sobre perda se transforma em um retrato íntimo de como é difícil amar e criar filhos estando ferido.
Relacionamentos rompidos, luto e verdades incômodas
O roteiro de Susan McMartin transmite brutalmente a tensão entre mãe e filha. Morgan, paralisada pelo medo e pela culpa, decide esconder certas verdades para “proteger” Clara, sem perceber que o silêncio é tão doloroso quanto a verdade. Clara, por sua vez, só quer respostas. Ela está presa entre a raiva, a confusão e o vazio deixado pela perda do pai e da tia, que também era sua confidente. O resultado é um relacionamento rompido onde existe amor, mas não é suficiente para sustentá-las.
Aqui reside o poder emocional do filme: ele não romantiza o luto, não suaviza a raiva adolescente, nem demoniza a mãe. Apresenta duas mulheres tentando sobreviver, cada uma à sua maneira, a uma vida que desmoronou ao seu redor. É uma história que evoca aquele impulso inevitável de querer acolher as personagens, mesmo quando não entendemos completamente suas decisões.
Uma nova geração domina o drama adolescente
McKenna Grace eleva ‘Se não fosse você’ com uma atuação que confirma por que ela é uma das jovens atrizes mais sólidas de sua geração. Como Clara, ela equilibra força e vulnerabilidade com uma naturalidade que imediatamente conecta o público. Sua dor, confusão e busca por respostas parecem autênticas, confirmando a amplitude emocional que ela já havia demonstrado em projetos como Gifted e The Handmaid’s Tale.
Ao lado dela, Mason Thames, como Miller Adams, rouba a cena. Seu personagem é uma luz em meio a tanto caos, uma presença calorosa que devolve a Clara um vislumbre de esperança. Thames tem aquele carisma natural que lembra os galãs dos anos 2000, mas com um frescor contemporâneo que o posiciona como uma estrela em ascensão. Sua química com Grace funciona sem esforço e adiciona uma camada necessária de ternura à história.
Entre a dor e a esperança: uma história que abraça as segundas chances
‘Se não fosse você’ não finge ser nada além do que é. Não precisa de discursos profundos ou metáforas complicadas. O que oferece é honestidade, coração e um lembrete gentil, porém poderoso: mesmo em meio à dor, o amor ainda pode ser o fio que mantém uma família unida.
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O filme está disponível em algumas regiões na Apple TV e no Prime Video. Seja assistindo em casa com um cobertor e uma xícara de chá, ou em uma tarde tranquila procurando por algo que realmente te emocione, este filme vem para te lembrar que a cura é possível mesmo quando parece que tudo desmoronou.