Nos últimos anos, a Netflix tem demonstrado repetidas vezes a sua capacidade de identificar e apostar em produções internacionais que não só conquistam públicos em todo o mundo, como rapidamente se posicionam no TOP 10 da plataforma. De dramas profundos a thrillers intensos, a plataforma tem conseguido escolher títulos que repercutem nos espectadores, principalmente aqueles que buscam uma experiência cheia de suspense e adrenalina. E agora, com ‘Upon Entry’, a Netflix acertou novamente, trazendo um filme que vai te deixar grudado na tela desde o primeiro minuto.
Este é um filme que você deve ver se estiver procurando por uma experiência cinematográfica que o manterá preso na cadeira. Numa época em que as produções de suspense se tornaram comuns, esta obra destaca-se pela intensidade psicológica e química dos personagens, o que a torna uma joia que a plataforma acaba de disponibilizar aos seus usuários. Com duração de apenas 77 minutos, este Upon Entry consegue espremer até a última gota de tensão, levando os personagens (e os espectadores) a uma jornada emocional que não para.
O que você deve saber sobre ‘Upon Entry’
A história acompanha Diego (interpretado por Alberto Ammann) e Elena (Bruna Cusí), um casal espanhol que chega aos Estados Unidos na esperança de começar uma nova vida. Tudo parece bem até que, numa reviravolta inesperada, são detidos num posto de imigração, onde tudo dá errado. O que começa como um simples procedimento de verificação rapidamente se transforma em um teste psicológico que testa não apenas seu relacionamento, mas também seus próprios limites.
O roteiro, escrito pelos diretores Alejandro Rojas e Juan Sebastián Vásquez, capitaliza a angústia diária que muitos viajantes vivenciam nos aeroportos. Com um simples controle de passaporte, o filme estabelece uma atmosfera de tensão palpável, onde cada palavra e cada pausa parecem carregadas de significado. O filme nos apresenta um interrogatório que parece não ter fim, e fá-lo de forma tão eficaz que o público não pode deixar de se sentir parte do processo, quase como uma terceira pessoa presa na sala com os protagonistas.
O interrogatório começa de forma relativamente simples, mas à medida que avança, intensifica-se exponencialmente. Os agentes, interpretados por Laura Gómez (de ‘Orange Is The New Black’) e Ben Temple, são o exemplo perfeito de como a autoridade pode ser usada para manipular e desgastar emocionalmente os interrogados. A presença destas figuras aparentemente implacáveis gera um sentimento constante de claustrofobia e desconfiança, que é transmitido de forma impressionante através do olhar de Diego e Elena.
Um dos aspectos mais interessantes de ‘Upon Entry’ é a forma como o filme brinca com as expectativas do público. Nos primeiros momentos, Diego e Elena parecem vítimas de um sistema opressivo, mas à medida que o interrogatório avança, detalhes sombrios sobre o seu passado começam a surgir, fazendo-nos questionar as suas verdadeiras intenções. Eles são realmente inocentes? Ou há algo mais por trás do seu desejo de entrar nos Estados Unidos?
Um formato que vai te fisgar
Apesar do formato simples e limitado (a maior parte do filme se passa na mesma sala), a direção de Rojas e Vásquez consegue manter a tensão constantemente. Não há movimentos de câmera desnecessários ou efeitos visuais chamativos; Tudo está centrado nos rostos dos personagens, onde cada olhar, cada movimento, tem um peso específico. As atuações de Ammann e Cusí são excepcionais, levando seus personagens a um nível de vulnerabilidade que é de cortar o coração de assistir.
O filme não aborda apenas questões de imigração, mas também questiona o poder e o abuso de autoridade. A forma como os agentes manipulam a conversa, alterando a psicologia dos interrogados, é um lembrete de quão frágeis podemos ser quando nos deparamos com situações fora do nosso controlo. ‘Upon Entry’ não oferece respostas fáceis, mas convida à reflexão, deixando o espectador com uma sensação perturbadora de que os limites entre o certo e o errado podem ser muito mais confusos do que parecem.