Afastado dos palcos desde “As Brasas” (2018), Herson Capri retoma o tablado com o espetáculo inédito “A Vela”, dirigido por Elias Andreato. A peça estreia amanhã, às 20h, no YouTube do Sesc em Minas (SescemMinasGerais), do Teatro Claro Rio (TeatroClaroRio) e da Pólobh (Polobhprodutora), e pelo Canal 264 da Claro TV. O espetáculo fica em temporada online de 22 de outubro a 14 de novembro, via Eventim.
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Escrito por Raphael Gama, o texto reúne Capri com o ator Leandro Luna para um sensível acerto de contas entre pai e filho. Capri, 69 anos, interpreta o velho professor Gracindo que, embora seja um intelectual humanista, não hesitou em expulsar Cadu de casa depois de saber que o filho é gay.
Vinte anos depois, viúvo e muito solitário, Gracindo decide morar em um asilo. Durante a mudança, entre caixas, lembranças e a queda da energia elétrica, o velho é surpreendido pela chegada de Cadu, “montado” como Emma Bovary, sua identidade drag queen.
Cadu está disposto a conversar. Mas tem pressa. Dá ao velho Gracindo apenas o tempo de queima da vela que está iluminando o ambiente para que eles se resolvam.
Este é o segundo personagem mais velho de Capri nos palcos, que não deixa a vaidade permear aspectos físicos de sua atuação. “É muito gostoso fazer um cara que tem exatamente a minha idade. A vaidade transita na área da minha competência, no resultado do trabalho. A minha vaidade vai por aí, quero sempre fazer um trabalho bom ou muito bom. Não é na idade, nas rugas ou na parte física. E eu recebo o envelhecer com prazer e alegria”, diz o ator, que viveu muitos galãs na TV.
Também diretor de teatro, ele admite que tinha reservas quanto à gravação de peças, exigência do distanciamento social. “Embora também seja dramaturgia, eu sempre tive problemas com gravação de teatro para TV. O Elias tem feito muito teatro nesse período e tem experiência. Encenamos como se tivesse uma plateia e a câmera vem nos buscar. Buscamos a teatralidade”, afirma.
Capri, agora, comemora a possibilidade. “Eles têm conseguido uma forma de gravar em que as linguagens se encontram. É necessário que se encontrem, se não o teatro acaba. Eu acho que a gente fazer a peça de teatro online é uma salvação, estou muito feliz”, afirma o ator.