Entretenimento

Senti falta da Cachorro Grande e fui perguntar o que cada membro está fazendo

Essa semana me deu uma saudade da Cachorro Grande. A banda gaúcha terminou no ano passado após duas décadas de serviço ao rock nacional e, pessoalmente, gravou vários álbuns que marcaram minha vida – principalmente «Pista Livre» e «Todos os Tempos».

No quinto ano do ensino fundamental (ou quarta série, como era em 2005), o hit «Sinceramente» foi a primeira música que eu toquei e cantei em um palco – o primeiro e um dos poucos solos de guitarra que aprendi a tocar. Sem falar dos sucessos que se revezavam no meu MP3 naquela década, ou da alegria de receber o disco duplo de Costa do Marfim, já na redação do Metro Jornal, em 2017.

Eu demorei muito para assistí-los ao vivo, mas os três shows que fui, sempre acompanhado do meu eterno companheiro de shows Igor Argani, foram especiais: uma década de «Pista Livre» (um ano atrasado, mas tudo bem), gravação do álbum «Clássicos» (em 2017) e o show derradeiro em São Paulo no ano passado (no sempre quente Cine Joia).

Recomendados

E menos de um ano depois do fim (spoilers), veio a saudade. Na turnê de despedida, cheguei a conversar com Beto Bruno e Marcelo Gross sobre o legado da banda, dos momentos bons aos mais amargos, e o que viria pela frente. A ideia era seguir fazendo música e produzindo, cada um no seu caminho.

Nessas coincidências da vida, a Eduarda Ferraro, assessora de parte dos «ex-Cachorros», veio me contar sobre o novo single do Marcelo Gross, lançado na sexta-feira (3). Gross, inclusive, é o membro que há mais tempo leva seu projeto solo – a inédita «A Dança das Almas» vai integrar o terceiro álbum do artista.

Mais do que apenas divulgar a nova canção do músico, combinamos em abrir este espaço para que cada membro pudesse falar um pouco de seus projetos atuais, recheados de inéditas para a alegria dos fãs. Quando o grupo estava pra acabar, um colega da redação, que não gostava muito da banda, provocou: «Ainda bem! Ou melhor, ainda bem não, porque termina e cada um lança um álbum solo.»

Pois os órfãos de Cachorro Grande, como eu, podem ficar felizes: tem muita coisa nova para conferir! Veja o que Beto Bruno, Pedro Pelotas, Rodolfo Krieger, Marcelo Gross e Gabriel Azambuja contaram ao Metro:

Beto Bruno (voz)

«A Cachorro Grande fez seu último show em julho de 2019 e em outubro eu já lancei meu primeiro disco solo chamado «Depois do Fim» que foi gravado durante a turnê de despedida da ex-banda no primeiro semestre do mesmo ano. São 10 músicas inéditas todas compostas e produzidas por mim mesmo.

Montei uma banda nova que, além de gravar o disco, está em turnê comigo. Já nos apresentamos juntos em São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, e seguimos fazendo shows com o repertório desse disco pelas cidades do interior brasileiro.

Antes do álbum lancei 3 singles extraídos do disco e um videoclipe com a faixa título. Eu e minha banda tiramos férias no início desse ano e estávamos voltando pra estrada quando cancelaram todos os shows devido a crise do coronavírus. Estávamos preparados e com material novo pra começar a gravar o segundo disco exatamente agora, no mês de abril, mas tivemos que interromper os planos pelo mesmo motivo.

A intenção futura é começar as gravações do novo disco e voltar pra estrada com toda a banda logo que acabar o isolamento social e tudo começar a voltar ao normal.»

Pedro Pelotas (teclados)

«Desde antes do fim da Cachorro Grande, eu vinha estudando e trabalhando com produção musical, trilhas para cinema e propaganda. Também acompanhando e gravando com outros artistas. Após o fim da banda essas atividades se intensificaram e hoje são a base do meu sustento. Sou ainda guitarrista da banda de soul autoral Blackalbino e tenho planos de lançar um projeto que se chama Paquiderme, que são músicas que componho e produzo sozinho no meu estúdio em casa. Mas ainda é cedo para aprofundar esse assunto.»

Rod Krieger (baixo e voz)

«O disco ‘A Elasticidade do Tempo’ só existe por causa de uma pessoa: Arnaldo Baptista que, para quem não conhece, é o membro fundador d’Os Mutantes. Sempre fui fã de bandas mod inglesas dos anos 60, junto com o britpop dos 90, e a na fusão desses dois universos, surgiu a base de Louvado Seja Deus, que foi meu primeiro single. Em uma conversa com o Arnaldo, convidei-o para colocar o refrão da faixa. Ele, então, me respondeu com um quadro pintado a mão e escrito ‘Creia em Seus Sonhos’. A minha ideia era ser o baixista da Cachorro Grande, que apenas lançava singles, mas quando eu percebi que a banda estava num declínio, e o que era apenas um single, acabou virando um álbum.

N’Os Efervescentes, minha primeira banda, do final dos anos 90, já era o principal compositor. Mas quando entrei na Cachorro Grande, tinha apenas uma canção por álbum. Nisso fui acumulando muitos rascunhos e composições que acabaram virando o ‘A Elasticidade do Tempo’. A rua Augusta estava um saco e as drogas já não batiam do mesmo jeito. Decidi morar na praia, me libertar de alguns vícios, me reencontrar com os meus orixás, dos quais tinha me afastado, e aí, acabaram surgindo as letras do disco.

Com a ruptura da Cachorro Grande e com a entrada do atual presidente do Brasil, decidi me mudar para Portugal, pois sempre quis expandir o meu trabalho além das fronteiras brasileiras. Devido a pandemia em que vivemos, nem eu sei o que esperar, muito menos o que os fãs podem esperar da minha carreira. A única coisa que quero é que essa loucura toda passe rápido e que eu possa levar para a estrada este disco, tanto aqui na Europa, onde, graças a Deus, minha música está tendo uma belíssima aceitação em vários países, como também, apresentar este meu trabalho aí, na minha terra natal.»

Marcelo Gross (guitarra e voz)

«O single ‘A Dança das Almas’ é um power-pop com toques de música indiana que faz um crossover dos anos 1960 com 2020. O álbum ‘Tempo Louco’, que vou lançar em junho, segue na mesma linha, acrescentando elementos como naipe de sopro estilo Motown, quarteto de cordas e piano ao som de Rock n Roll do power trio.

É o primeiro disco que lanço fora da Cachorro Grande e o primeiro para o qual escrevi as canções exclusivamente, com letras que falam sobre o ‘Tempo Louco’ que eu passei nesses dois últimos e particularmente turbulentos anos.

Apesar do momento louco que estamos vivendo, resolvi manter o plano de lançar o single e mais pra frente o álbum inteiro. Enquanto isso, estou aproveitando o isolamento para fazer todos os dias as “love lives” no meu Instagram, uma forma de me aproximar de quem curte o meu trabalho e de nos distrair.»

Gabriel Boizinho (bateria)

«No fim do ano passado eu estava terminando a gravação do meu disco, que se chama ‘Não Pise nos Sonhos’, mas eu recebi um convite de entrar em uma banda que se chama “Os Spoilers”. Somos um ‘cover gourmet’ porque, além de fazer show cover, a gente acompanha os shows solos dos vocalistas do mainstream, como Dinho Ouro Preto (Capital Inicial),  Nasi (Ira!), Badauí (CPM 22) e Sérgio Britto (Titãs).

‘Os Spoilers’ tem planos de virar uma banda autoral, já estamos selecionando músicas. Esses planos deram uma pausada com a quarentena e depois teremos uma agenda extensa para cumprir.

Meu disco ficou pausado, mas estou aproveitando a quarentena para terminar as gravações. Estou em Porto Alegre fazendo meu home studio e estou fazendo os testes dele, de sonoridade, com o meu disco. Não tem pressa com ele, é muito pessoal, com músicas antigas que ficaram para trás. Depois desse trabalho eu pretendo fazer alguma coisa nova.

Depois disso, vou fazer um livro sobre pessoas e fatos malucos, envolvendo gente que eu conheci ao longo da vida, histórias que eu passei, outras que eu ouvi, histórias da Cachorro Grande, da Funhouse. Não citarei nomes e terão histórias cabeludíssimas e engraçadíssimas.»

 

Tags

Últimas Notícias


Nós recomendamos