Entretenimento

Deborah Secco reage a crítica de Bolsonaro a ‘Bruna Surfistinha’: ‘a arte tem que falar sobre tudo’

A atriz, que interpretou a garota de programa Raquel Pacheco, defendeu que não se pode “esconder a realidade do país”

O filme de 2011 «Bruna Surfistinha» tem sido usado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) para justificar alterações no funcionamento de órgãos do setor cultural no poder executivo, e também da Agência Nacional do Cinema, a Ancine.

Como medida de comemoração aos 200 dias de seu governo, o político assinou, nesta quinta-feira (18), a transferência do Conselho Superior do Cinema para o ministério da Casa Civil, e teceu críticas ao longa biográfico. «Não podemos admitir que com dinheiro público façam filme como o da Bruna Surfistinha», afirmou.

Bolsonaro voltou a utilizar o exemplo nesta sexta-feira (19), ao falar de uma possível transformação da Ancine em uma secretaria do governo. O presidente contou desejar aplicar filtros de seleção às obras cinematográficas que receberiam apoio e financiamento público – deixando de fora aquelas desaprovadas pelo governo.

Recomendados

«A cultura vem para Brasília e vai ter um filtro, sim. Já que é um órgão federal, se não puder ter filtro, nós extinguiremos a Ancine. Privatizaremos ou extinguiremos», ameaçou. Novamente se referindo à «Bruna Surfistinha», continuou: «Não pode é dinheiro público ser usado para fazer filme pornográfico».

A atriz protagonista do filme, Deborah Secco, se posicionou após as críticas. Em áudio divulgado pela assessoria de imprensa, Deborah disse estar «chocada» com a escolha do presidente. «Eu fico um pouco chocada do Bruna Surfistinha ter sido colocado nesse lugar, porque o filme retrata uma história real, né, não só da Raquel, da Bruna, mas de milhares de mulheres que se encontram nessa situação».

A produção de 2011 conta a história de uma ex-garota de programa, cujo nome verdadeiro é Raquel Pacheco. «O que a gente queria com o filme era debater e falar sobre como a população lida com essa realidade», defendeu a atriz. «A gente queria muito que nenhuma mulher estivesse vivendo nessa situação, que não tivesse que se vender para sobreviver, mas essa não é a realidade do nosso país.»

Deborah ainda advogou pela importância da pluralidade de temas na representação artística do país: «a gente não pode pegar um tema que existe, que é super real, antigo, porém muito atual, e esconder, fingir que ele não existe, né? Tampar com uma cortininha e não falar sobre isso.»

«Uma das funções da arte é essa, fazer com que a gente consiga debater, resolver questões que por muitas vezes são esquecidas ou escondidas», continuou. «A arte tem que ser ampla, abrangente, a gente precisa poder falar sobre tudo, para que, através da arte, consiga debater sobre tudo».

«Eu sou muito orgulhosa desse filme, ele me trouxe uma nova visão sobre essa realidade. Espero que tenha trazido para várias outras pessoas que o assistiram», finalizou a artista. «Bruna Surfistinha», sob direção de Marcus Baldini, adapta a autobiografia de Raquel Pacheco, publicada em livro em 2005.

Tags

Últimas Notícias


Nós recomendamos