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Pedro Cardoso faz ‘maratona’ de sete peças em São Paulo

Greg Salibian/Folhapress

Ao lado da mulher, Graziella Moretto, o ator Pedro Cardoso inicia neste fim de semana uma maratona de sete espetáculos no Teatro MorumbiShopping. Tem peça de improviso, peça infantil, workshop e monólogo – tudo em torno da comédia, gênero responsável pela fama do casal. Há quatro anos morando em Portugal, os dois aproveitam as férias de verão de lá para dividir suas inquietações artísticas com os brasileiros.

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Como vocês encenam tantas peças em tão pouco tempo?

É realmente um “tour de force”, mas isso deve-se ao nosso tempo limitado no Brasil e a um desejo intenso de que a cultura tenha uma presença positiva na sociedade.

Existe rotina nos improvisos de “Uãnuêi”, que vocês fazem desde 2012?

Tudo tem rotina, até a liberdade. A rotina da liberdade é estar atento à prisão que inevitavelmente se constrói pelo hábito. Um espetáculo, seja de improviso ou com texto estruturado, se modifica pela nossa própria passagem por ele. Uma imagem que acho boa é a das construções preparadas para terremoto, nas quais a própria estrutura admite certo movimento porque, se for rígida, tudo se arrebenta quando se mover. Teatro é assim, uma estrutura antissísmica. O público muda e o teatro muda junto.

Qual a função social do riso?

Em “O Nome da Rosa”, Umberto Eco brinca com a ideia de que Aristóteles teria escrito um livro tão poderoso sobre a comédia que a Igreja o teria feito desaparecer. A justificativa seria de que se o povo ri do diabo, perde o medo dele – e isso seria fundamental para manter o poder de Deus. Comédia é o enfrentamento dos fantasmas psicológicos da sociedade. Rir é conhecer, é uma forma terapêutica de convívio, daí minha paixão pela comédia.

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Qual o desafio de se colocar diante do público infantil em “Nem Sim Nem Não”?

A criança é o melhor público que um ator pode ter, porque é livre de convenções sociais rígidas. Portanto, é mais próxima do seu coração e de sua verdade, e esse é o farol da arte. É bom para o ator perder a arrogância. Vivemos um tempo de grande reinado da mentira. Sempre houve mentira no jogo social e político, mas as redes “antissociais” – eu as chamo assim de forma intencional – se tornaram um agravante terrível disso.

Em agosto, você estreia “À Sombra dos Outros” a partir de discussões entre seus seguidores. Como não fazer disso uma egotrip?

Essa peça é exatamente uma reação à egotrip que essas redes estimulam. Vivi uma experiência traumática no Instagram. Concluí que as redes “antissociais” são como uma praça de cracudos, um lugar que gera um vício tremendo por um convívio muito simplório entre semelhantes. Tá todo mundo iludido que ali é um lugar de liberdade, de oportunidades antes reservadas para pessoas conhecidas, mas essa é uma ilusão. Essa peça e o livro (“Pedro Cardoso Eu Mesmo”) descrevem meu desencanto com isso.

Serviço

No Teatro MorumbiShopping (av. Roque Petroni Jr., 1.089, Jardim das Acácias, tel.: 4003-1212). R$ 80.

  1. “O Homem Primitivo”. Qui. e sex., às 21h, até 9/8.
  2. “Nem Sim Nem Não”. Sáb. e dom., às 16h, até 10/8.
  3. “Uãnuêi – Match”.
    Sáb., às 20h, até 10/8.
  4. “Uãnuêi – A Festa”.
    Sáb., às 23h, até 10/8.
  5. “Uãnuêi – Profissões”. Dom., às 19h, até 4/8.
  6. “À Sombra dos Outros”.
    De 15/8 a 3/10.
  7. “Os Ignorantes”.
    De 16/8 a 6/10.

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