Sem voz. É na base de cordas e baquetas que E a Terra Nunca me Pareceu Tão Distante conquista o público. As músicas, com títulos consideravelmente grandes, são todas instrumentais – e, acredite, isso conquista muito gente. «A maioria dos shows (senão todos) a gente fez com bandas que não são instrumentais, então o público acaba se incorporando um pouco mais fácil», explica Luccas Vilella, baixista da banda.
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E a Terra… é formada por Rafael Jonke (bateria), Lucas Theodoro (guitarra), Luccas Villela (baixo) e Luden Viana (guitarra). Começou em 2013, com Rafael e Luden, amigos desde os oito anos de idade. Ambos frequentaram a mesma faculdade e moram na Freguesia do Ó, na zona norte da capital paulista. Villela, com quem o Metro Jornal conversou, só entrou dois anos depois.
A banda abre o último dia de festival, às 11h50. Ao Metro Jornal, o baixista da banda falou sobre expectativas para o Lollapalooza e processo criativo de E a Terra Nunca me Pareceu Tão Distante.
Confira a entrevista com Luccas Villela, baixista de E a Terra Nunca me Pareceu Tão Distante:
Como estão as expectativas de vocês para o Lollapalooza?
É foda, porque é um festival muito grande, né! Não tem como não ficar ansioso ou nervoso. É muito massa ter a oportunidade de ser a primeira banda instrumental a tocar por lá.
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Por que tocar rock instrumental?
Sabe que eu não sei? Eu cheguei na banda e já estava assim. (risos) Mas é porque não queremos ficar presos às linhas vocais. Sabe quando você cansa e fala “vou fazer isso aqui, não ligo para o que as outras pessoas pensam”?. E acabou que está aí, está rolando.
Quais são as influências de vocês?
Apesar de tocar rock instrumental, a gente não escuta tanto instrumental, somos bem diversos. O Rafa, tem até uma produtora de rap. Eu também fico no meio do caminho entre o indie e o emo. Um denominador comum entre nós é que todo mundo curte muito rap. Por exemplo, a gente quer muito ver o Kendrick Lamar, ao mesmo tempo que também queremos ver o Interpol.
Vocês sempre compõem juntos?
O [Lucas] Theodoro e eu chegamos com uma músicas meio pré prontas, mas a maior parte do processo alguém chega com uma ideia e aí a gente vai desenvolvendo, vai acrescentando coisas na música, até construir o corpo inteiro. Esse disco é mais colaborativo. Eu entrei na banda em 2015 e antes o Theodoro e o Luden já levavam as músicas meio prontas.
Vocês já consideram alguma parceria com artista que tem vocais? Como seria isso?
A gente já pensou nisso, mas ainda não surgiu ninguém com quem a gente se identificasse. Já pensamos em chamar algum rapper, mas essa é uma ideia ainda muito embrionária. Se surgir, a gente vai chamar, não ficamos presos à fórmula do instrumental.
Como vocês escolheram o nome da banda? É um nome curioso!
O Luden até fala que não tem nada de especial. O primeiro EP da banda precisava de nome e ele estava em um ônibus quando teve uma “epifania de busão”. Aí ele e falou “ah, e a terra nunca me pareceu tão distante” e acabou que escolheu esse como o nome do projeto. É um nome gigantesco, que as pessoas não conseguem memorizar direito! (risos)
Mas a gente sempre chega nas palavras “terra”, “nunca” e “distante”…
É, aí vira Terra do Nunca, Terra Distante… (risos)

Artistas de bandas com vocal costumam nomear as músicas com trechos delas mesmo. Vocês, contudo, não podem contar com esse recurso. Como chegam nos títulos – que são ainda mais curiosos que o nome da banda?
Eu não sou a melhor pessoa para dar nome para a música, mas geralmente a gente faz isso a partir da impressão que a música nos passa. A gente faz um brainstorm e fala uma frase, aí alguém fala que faz sentido e então escolhemos. Como não tem letra, fica como se fosse um complemento da música, uma impressão ou um sentimento que ela passa.
Desde que a banda foi formada, em 2013, vocês lançaram vários singles e EPs, mas no ano passado divulgaram o primeiro álbum completo. Como foi essa experiência?
A gente tinha lançado o último EP “Medo de Morrer, Medo de Tentar” em 2016, mas não demorou para sentir necessidade de lançar um disco. Começamos a nos reunir na casa do Theodoro, o guitarrista, e ensaiar duas vezes por semana, cinco horas por dia. Em sete meses conseguimos compor e gravar o disco. Foi um processo muito foda, porque ficamos bastante tempo juntos e foi muito bom para o convívio da banda. O pessoal da Balaclava [gravadora da banda] deu uma baita assistência para a gente também.
Qual é a vantagem de se lançar um álbum completo?
É muito louco, porque vivemos na ‘era do single’, então a gente lançou muitos EPs antes de ter o alicerce para lançar o disco cheio. Você meio que vai ganhando território com os EPs, vai conquistando público, porque você não assusta com a quantidade de música e aí, depois de um tempo, você lança um disco porque você tem demanda para isso. Você precisa estar seguro daquilo que vai lançar.
Quais os planos da banda para 2019?
A gente quer circular com esse disco o máximo possível. Vamos tocar no Chile em maio, vamos fazer uns três shows por lá. Tocar no máximo de festivais possíveis e chegar nas pessoas, ainda mais que é instrumental. Queremos deixar o mais acessível possível para o público.
Por fim, quem você apontaria como artista em ascensão no rock nacional?
Vou apontar duas bandas: Terno Rei e Raça. São bandas que tem uma qualidade instrumental muito foda e de letras também.
Assista ao clipe de «Medo de Tentar», gravado no Sesc Pompeia: