Entretenimento

‘É nossa segunda primeira vez’, brinca guitarrista da Scalene sobre show no Lollapalooza

Gabriel Oliveira/Divulgação

ANÚNCIO

Um dos grandes nomes do rock nacional na atualidade, a banda Scalene se apresenta pela segunda vez no Lollapalooza Brasil nesta sexta-feira (5). De 2015 até a edição deste ano, os brasilienses despontaram na TV, em outros festivais – como o Rock in Rio – e só cresceram desde então.

ANÚNCIO

A Scalene se formou em Brasília, em 2009. Quatro anos depois, lançaram o álbum «Real/Surreal», que já agregava vários faixas que tornariam a banda conhecida em todo o país. «Amanheceu» segue como maior sucesso deles, até hoje.

Leia mais:
Lollapalooza: confira o provável setlist do show de Sam Smith
Destaque goiano do Lollapalooza, Carne Doce busca a quebra de expectativas

Após a passagem pelo Superstar, talent show da TV Globo, a banda lançou o segundo disco, «Éter». Com ele, venceu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock de 2016. No ano seguinte, veio «Magnetite», elogiado pela crítica pela sonoridade cada vez mais madura.

Para o festival, a Scalene promete levar também um convidado: o rapper BK’. Juntos, lançaram na semana passada, um clamor contra a violência, sintetizado na canção «Desarma». «O BK’ mandou os versos, lindamente, e foi muito massa passar uma mensagem que a gente super concorda junto de outro artista», explica Tomas Bertoni, guitarrista da banda.

Confira a entrevista com Tomas Bertoni, guitarrista da Scalene:

Quatro anos depois, vocês voltam ao palco do Lollapalooza Brasil. O que mudou na banda desde 2015?

ANÚNCIO

Eu tenho brincado que essa é como se fosse a “segunda primeira vez” no Lolla. O show do Lollapalooza 2015 foi o primeiro que fizemos com equipe, não sabíamos nem o processo direito e hoje temos nossa equipe. A gente lançou também várias colaborações, rodou o Brasil, tocou no Rock in Rio [em 2017]… Então é realmente outra banda, vai ser muito legal ver o nosso público lá.

Como vocês estão esperando que o público receba vocês na sexta-feira?

Festival é legal porque é muito imprevisível. Não tem como saber, é um desafio, então você quer fazer o melhor possível, essa é a parte massa. E no Lollapalooza ainda tem a questão também que é um show transmitido pela TV, então você faz quase que dois shows ao mesmo tempo. Quando é uma apresentação em uma casa de show, você já sabe que vai ter sua galera lá e tá tudo certo, é quase jogo ganho.

A passagem pelo Superstar [programa da TV Globo] influenciou a forma como vocês fazem música?

Foi mais uma experiência, divulgou muito o nosso trabalho, mas não influenciou. Tanto que o nosso CD depois do programa [Magnetite, 2017] foi nosso álbum menos comercial. A gente sempre tem em mente o que quer pro nosso som e não é uma coisa específica, como um programa de TV, que vai mudar isso.

“Desarma” é uma música que tem um som bem diferente do que estamos acostumados a ouvir com a Scalene. Como surgiu a música e a parceria com o BK’?

Essa foi a nossa quarta colaboração; já fizemos parceria também com Far From Alaska, Supercombo e Francisco, El Hombre. E o legal de colaboração é justamente sair da zona de conforto. O nosso som já é versátil por natureza, então é tranquilo mergulhar na vibe de quem está fazendo o som com a gente.

[Em “Desarma”], o instrumental é todo nosso e o BK’ mandou os versos. Foi muito massa passar uma mensagem que a gente super concorda e tem dentro da gente com outro artista, trazendo uma outra experiência de vida ao falar sobre o assunto.

O BK’ já foi confirmado como convidado de vocês no palco do Lollapalooza. Vocês pretendem levar mais alguém?

Não, vai ser apenas ele. O show é curto, ter mais de uma participação é complicado.

Da esquerda para a direita: Gustavo Bertoni (voz e guitarra), Philipe Nogueira (bateria), Tomás Bertoni (guitarra) e Lucas Furtado (baixo)

As letras das músicas de vocês são bem marcadas por questões existenciais, mas no último álbum temos faixas que tratam de problemas sociais, como a música “Distopia”. Essa é uma proposta da banda, ser cada vez mais engajada em questões político-sociais?

Acho que vamos nos engajar enquanto for natural e sentir que devemos. É muito importante figuras públicas ter consciência ao se posicionar, porque tem muita gente falando demais e poucos ouvindo. No nosso caso, a gente tenta se posicionar de uma forma construtiva e certeira, quando sente que pode contribuir positivamente para uma reflexão.

Quais são os planos da Scalene para 2019? Algum álbum novo em vista?

Álbum novo no meio do ano e tudo que vem com ele: participações legais – que a gente não pode revelar ainda – clipe, shows novos. Também completamos 10 anos de banda em 2019, então a gente deve fazer alguma coisa também para comemorar, mas o principal do ano é o álbum novo.

Como funciona o processo criativo da banda? Vocês sentam para compor juntos?

Cada música tem uma história. Geralmente parte do Gustavo, o vocalista, que é quem compõe mais, e a gente termina junto. Mas tem música que a gente faz o instrumental e depois de meses faz a letra, tem música que as duas coisas já surgem juntas. Não tem um padrão.

Vocês já chegaram a utilizar alguma ideia que havia sido descartada?

Geralmente, não, foi uma coisa que aprendemos no primeiro álbum. A gente já descartou músicas inteiras, já gravadas e mixadas. É um processo importante, mas não é fácil (risos), rola um apego. Mas é difícil você descartar uma parada e dois anos depois ela voltar a fazer sentido, sabe?

Em meio a essa popularização do pop nacional e de outros gêneros importados – como o reggaeton – como fica o espaço do rock no Brasil?

As gente sempre existiu com o rock em baixa, por assim dizer, então nem sabemos o que é esse negócio de rock em alta. Eu acho que é normal os estilos terem ciclos.  Talvez, em algum momento o rock dê uns saltos, mas ele está bem estabilizado, há anos, sem nem crescer nem diminuir demais. Então eu acho que a tendência é, no mínimo, manter isso. E estaremos aí, independentemente disso.

Você acha que esse «marasmo» do rock é por conta da nostalgia, do público não dar muita chance ao novo?

O rockeiro é muito chato. Quando eu era adolescente também era assim, sei como é ser um rockeiro chato. Ainda bem que eu evoluí, comecei a ouvir de tudo e parei de ser aquele rockeiro conservador. E isso é muito louco, porque a essência do rock nunca foi essa.

Se você olhar o rock de uma forma abrangente, de Coldplay a Bring Me The Horizon e outros do mainstream, eles estão fazendo sons diferentes. As bandas estão lá, inovando, agregando diversos estilos no som, tentando coisas novas, mas a galera fica reclamando, sempre acha ruim.

É muito frustrante passar meses experimentando, você se arrisca, compõe, gasta dinheiro gravando, pra vir alguém no Facebook e falar «isso não é Scalene». Irmão, não é tu que define o que é a banda não, véi! Mas enfim, tem muita gente que ouve rock que é massa.

Quem você apontaria como um artista de rock nacional que está despontando para o público ficar atento?

É louco pensar que Scalene e Supercombo, por exemplo, não são mais bandas novas. Mas tem uma banda de São Paulo, a Alaska, que eu acho muito boa. Fico com essa opção.

Ouça «Desarma», a colaboração entre a banda Scalene e o rapper BK’:

ANÚNCIO

Recomendado:

Tags


Últimas Notícias