Ao mesmo tempo em que revoluciona a carreira de Criolo, o álbum “Espiral de Ilusão” se mantém fiel à trajetória que o rapper vem traçando para si mesmo.
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Com 10 canções inéditas, 9 delas compostas pelo próprio artista – que as apresenta em show inédito amanhã, no Citibank Hall –, o disco investe única e exclusivamente no samba. E se antes ele usava suas rimas para combater os poderosos quando estava acompanhado de batidas e sons urbanos, agora, ao lado de pandeiros e cuícas, ele segue fazendo exatamente a mesma coisa.
Criolo já flertava com o ritmo, mas, em “Espiral de Ilusão”, o rapper mergulha de cabeça nele com uma sonoridade e um jeito de cantar inspirados nos anos 1930 e 1940 que prestam uma homenagem ao samba de raiz.
Para isso, ele passa por vertentes que vão desde o samba-canção até o samba de roda. Criolo já começa forte nas duas primeiras faixas, “Lá Vem Você” e “Dilúvio de Solidão”, a melhor do repertório, que surge melancólica e com muita influência de Paulinho da Viola.
“Meninos mimados não podem reger a nação”, canta ele em “Menino Mimado”, canção de trabalho do álbum; e “Eu vivo a sofrer, me aposentar só depois de morrer”, em “Cria da Favela”. “Samba e rap estão unidos pela a força dos instrumentos, pela força do texto”, diz ele em entrevista presente no encarte do álbum.
Disponibilizado gratuitamente junto com o álbum, o material gráfico traz cerca de 100 páginas com entrevistas, fotos, partituras e letras das canções, além de artes de Elifas Andreato.
Não é para fãs de samba, de rap ou mesmo de Criolo. É um disco para quem gosta de boa música, como fica claro, por exemplo, na faixa-título de “Espiral de Ilusão”, uma vingativa canção sobre o amor a partir de um ponto de vista feminino.
Nela e nas demais, mesmo os vocais sem potência de Criolo, uma de suas maiores fraquezas como artista, funcionam com suavidade.
Serviço
No Citibank Hall (av. das Nações Unidas, 17.955, Santo Amaro). Amanhã, às 22h30. De R$ 100 a R$ 260.