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Primeiro-bailarino do Royal Ballet lamenta crise no Municipal do Rio de Janeiro

Thiago Soares é primeiro-bailarino do Royal Ballet de Londres. Aos 35 anos e com 17 anos de carreira, o brasileiro está de volta ao Rio de Janeiro para apresentar o espetáculo “Roots”, atualmente em temporada popular no Teatro João Caetano.

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A ideia de “Roots” é resgatar o início da vida artística do bailarino, quando ele ainda dançava break e hip hop pelas ruas da cidade.

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O espetáculo pretende promover o diálogo entre a dança de rua contemporânea e o balé clássico.

Com direção de Ugo Alexandre, “Roots” fica em cartaz até o dia 22 de janeiro e leva ao palco o dueto entre Thiago Soares e o bailarino e coreógrafo Danilo D’Alma.

O que você vai apresentar no espetáculo “Roots”?
O “Roots” é um relato, um retorno aos palcos do Rio, com temporada popular. A ideia é realizar um espetáculo com acesso mais para o meio da cidade e em um teatro histórico, como o João Caetano. “Roots” é um espetáculo que virou nosso e com uma equipe bacana. Espero que o público curta e venha falar conosco no fim. Temos de compartilhar as impressões e de algum modo ouvir o que a plateia sentiu.

Qual é a sensação de subir ao palco do João Caetano?
O João Caetano é maravilhoso e histórico. Grandes estrelas já passaram por lá. É um teatro estratégico que liga a zona norte e sul. É bem aquilo de teatro acessível e para todos.

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Você sofeu algum tipo de preconceito por ser bailarino?
Não sofri preconceitos. A preocupação que meu pai tinha era quanto à insegurança com a profissão. Ele não entendia como eu poderia viver do balé, como seria a aposentadoria e se eu conseguiria estabilidade sendo bailarino.

Você é bailarino do Royal Ballet. Como é o balé inglês?
Estou na Inglaterra há 16 anos. É um país maravilhoso em vários aspectos. Os serviços básicos funcionam e as atividades culturais são bem desenvolvidas. Existe uma miscigenação cultural e artística muito forte. Tem investimentos e com companhias que conseguem se manter. É uma outra realidade.

O que falta para o balé brasileiro revelar novos talentos?
O balé brasileiro tem talentos fantásticos. Acredito que falta uma geração de empregos e investimentos mais fortes para manter as bilheterias. As companhias de balé precisam se manter para continuar existindo. O fluxo financeiro precisa melhorar com mais apoio dos empresários.

O que pode ser feito para fortalecer o balé no Brasil?
O balé precisa ter força para competir com a indústria do futebol. Precisamos consolidar a cultura do balé nas regiões mais populares da cidade e torná-lo mais acessível ao grande público. Temos muitos talentos e vontade de dar certo. A indústria precisa gerar empregos para o balé brasileiro continuar o seu trabalho.

O Theatro Municipal do Rio atravessa uma crise. Como você avalia essa questão?
Tenho muita simpatia pelo Theatro Municipal. Foi o palco que deu o trampolim para minha carreira. Sou um filho desta casa e o drama dos servidores públicos do Estado do Rio é grande e repercute em toda a área da cultura. O momento é triste e precisamos juntar forças para conseguir melhorias e resolver essa questão. Mesmo com salários atrasados, eles fizeram o espetáculo “Quebra-Nozes” [em dezembro de 2016] de maneira heroica, louvável e com muita garra. Foi um ato de muita valentia.

Como a atual crise no Estado vem afetando o balé no país?
Na verdade, é um problema que repercute nos bailarinos também. O balé é uma carreira muito difícil, curta e, de certa, maneira elitizada. O público não entende as peculiaridades da profissão, como a necessidade de fisioterapia. É uma carreira muito curta e difícil de compreender.

O que você diz para quem está iniciando no balé?
Faço a dança clássica de excelência. Quem faz dança tem de entender que o cotidiano é difícil e doloroso. Tem de ter disciplina e paciência para preparar o corpo e a mente.

Serviço:
No Teatro João Caetano (Praça Tiradentes, s/no, Centro, Rio de Janeiro. Tel.: 2332-9257). Sex. e sáb., às 20h; e dom., às 18h. R$ 20 a R$ 40. Livre. Até 22/1.

Veja o teaser de «Roots»:

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