Nem tudo, porém, está mudado. O engajamento político de Brown, por exemplo, ainda está nas letras, mas agora elas estão mais açucaradas e românticas, como em “Mulher Elétrica”, com um groove dançante que mostra ser possível elogiar o poder de sedução de uma mulher sem faltar-lhe com o respeito.
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O fio condutor do disco é a batida dos bailes dos anos 1980, nos quais nasceu a cultura hip hop. A primeira faixa, aliás, ambienta o ouvinte e soa como se ele estivesse entrando em uma boate.
Bebendo da sonoridade de Tim Maia e do próprio início de carreira dos Racionais, o disco passa de uma música para a outra como em uma festa. Duas das melhores canções, “Louis Lane” e “Dance, Dance, Dance” – ambas com a participação brilhante de Seu Jorge –, estão tão conectadas que é impossível elogiar uma sem falar da outra.
“‘Boogie Naipe’ é um disco que tem uma direção. Não diria que é um resgate, pois a minha projeção é para frente. Você pega a coisa do soul, com alguma coisa de outra época, com alguma coisa de agora, mistura tudo e faz uma música nova. Como quase tudo que existe, é uma mistura com alguma coisa que já existiu”, define Brown.
Essa mistura dá certo por conta das participações. Além de Seu Jorge, colaboram também Lino Krizz – em praticamente todas as faixas –, Ellen Oléria, na poderosa “Nave Mãe”, e até o americano Leon Ware, um dos pais do soul, na faixa “Felizes/Heart 2 Heart”.
Ao todo são 22 faixas com muitos altos e alguns poucos baixos, provando que Mano Brown conseguiu se renovar, mas manteve sua essência.