O filme “Mãe Só Há Uma’, de Anna Muylaert, ganhou um prêmio paralelo destinado a produções com temática LGBT no Festival de Berlim. Nesta conversa, o protagonista, Naomi Nero, 18, fala da experiência de construção do personagem.
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Você esperava esse sucesso quando entrou no projeto?
Eu não sabia muito bem o que esperar da repercussão do filme, sendo o primeiro longa-metragem do qual fiz parte. Por ser dirigido pela Anna Muylaert, porém, imaginei que o filme seria ao menos reconhecido. Com o sucesso do “Que Horas Ela Volta?”, que foi lançado depois de terminarmos as filmagens, minhas expectativas só cresceram.
O caso retratado no filme é inspirado no caso Pedrinho, um roubo de bebê que ocorreu em Brasília. Você pesquisou a história dele para construir Pierre/Felipe?
Eu pesquisei sobre o caso por uma questão mais de curiosidade do que de construção de personagem. A construção foi muito mais a partir da personagem em si do que a situação em que ele se encontra.
Sua atuação foi muito elogiada. Você é um ator que “vira” o personagem?
O método de direção da Anna depende muito do ator. Ela o deixa quase que completamente livre para criar em cena, dando uma base inicial e deixando o resto fluir. Como as cenas consistiam muito em reagir com naturalidade a tudo que vinha a acontecer, eu tive que me tornar por completo o personagem, para que assim ele reagisse e vivesse na tela.
O filme propõe um debate de “quem sou eu?” a partir da sexualidade fluida do seu personagem, mas isso se acentua a partir da descoberta do roubo. Você acha que Pierre/Felipe chega a concluir quem é de verdade?
Acho que estamos sempre em uma constante descoberta do Eu, e que isso é interminável. A questão de identidade está presente sempre dentro de nós, e por isso, é um assunto que interessa a todos. Pierre não descobriu quem ele realmente é. Acho impossível concluir com certeza o nosso Eu. Se o fizéssemos, deixaríamos de evoluir.
Veja o trailer: