Um dos grandes nomes da fotografia mundial, o mineiro falou ao Metro Jornal sobre seu projeto ambiental no Instituto Terra, planos futuros e o documentário ‘O Sal da Terra’, que abre nesta quarta-feira a 4ª Mostra Ecofalante de cinema ambiental. (Confira trailer e programação no fim do texto)
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Seu trabalho tem um foco humano e ambiental forte. Como surgiu e como é a atuação do Instituto Terra?
O Instituto Terra foi criado como um laboratório. Nós temos uma área – onde ficava a fazenda dos meus pais e que doamos para o projeto – onde plantamos mais de 2 milhões de árvores e criamos o maior viveiro de plantas nativas de Minas de Gerais, com a capacidade de produzir mais de 1 milhão de árvores por ano. Com esse trabalho, fornecemos mudas para outros projetos. Temos um centro de formação lá que transforma jovens em técnicos ambientais. Através dessas atividades aprendemos novas tecnologias e as utilizamos no nosso projeto chamado “Olhos D’Água”, que busca recuperar todas as nascentes que compõem o vale do rio Doce. Mais de 400 mil nascentes compõem o rio Doce, e nós queremos implantar ainda mais nascentes lá. Não é uma tarefa fácil. O grande problema de falta de água que está acontecendo no Brasil é que nós matamos os rios. As reservas e barragens estão sendo enchidas com água de chuva, quando a melhor solução seria enchê-las com água dos rios.
O senhor acha que o governo federal deveria ser mais ativo em programas de desenvolvimento sustentável dos recursos naturais?
Sim, mas, para termos um resultado significativo, os governos estaduais e municipais também têm que se comprometer no combate a esse problema. A falta de água não é só no vale do rio Doce, é no Brasil inteiro, e isso é muito sério. Se não resolvermos essa questão de forma eficaz, ela pode gerar um custo social enorme para o Brasil, com impacto na produção e indústria nacional.
Como foi a sensação de sair de trás das câmeras para virar o foco de “O Sal da Terra” [que estreia no dia 26 e abre nesta quarta, para convidados, a 4ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental]?
É algo especial você fotografar e depois passar a ser fotografado. Mas ao mesmo tempo é complicado. Estar fotografando uma pessoa e ter uma equipe de filmagem seguindo você tira o foco do seu trabalho. Você acaba virando um intermediário da imagem. Mas, como o documentário era um projeto do meu filho Juliano Salgado, eu acabei me sacrificando para contribuir. Eu acho que ficou muito bem feito. Não é um filme sobre fotografia, é um filme sobre um ponto de vista, sobre uma filosofia de vida em que as fotografias são os pontos que vão ligando as histórias. Eu fui testemunha dos últimos 40 anos da história da humanidade, e o filme se passa no mundo inteiro onde eu estive trabalhando.
Como aconteceu a união de Wim Wenders e Juliano para fazer esse documentário?
Juliano já estava filmando partes do documentário em 1998. Ele tinha já esse projeto na cabeça havia muito tempo. Um dia, Wim Wenders apareceu lá em casa, em Paris, para discutir a possibilidade de fazer um filme de fotógrafos. O plano dele era ter Bernardo Bertolucci, diretor italiano, cobrindo o trabalho do fotógrafo italiano Ferdinando Scianna; Ken Loach, cineasta inglês trabalhando com o fotógrafo Martin Parr; Emir Kusturica trabalhando com Josef Koudelka, fotógrafo Tcheco; e Wim Wenders – que é colecionador de fotografias e gosta do meu trabalho – fazendo a parte comigo. Eu expliquei que não tinha interesse no projeto, porque Juliano já estava fazendo um filme comigo, e eu já estava ocupado. Foi quando tive a ideia de convidar Wim para o projeto que Juliano fazia. Eu disse: “Por que você não trabalha no projeto com o Juliano?”. Para minha surpresa, ele topou e abandonou a ideia do outro filme. Eles começaram a viajar comigo, gravando meu dia a dia; Wim veio várias vezes ao Brasil, visitou o Instituto Terra, foi comigo para a Itália, Paris, viajou comigo por quase todo o mundo e, depois que terminaram de gravar, levaram ainda um ano e meio editando o filme. Foi um projeto longo, mas que no final ficou muito bom.
Foi emocionante ver o filme indicado ao Oscar?
Eu fiquei muito feliz pelo fato de o trabalho deles ter sido reconhecido. Meu filho é ainda um jovem cineasta, tem 40 anos, está começando. E Wim já é um senhor maduro, tem 68 anos e já teve vários filmes indicados, mas para Juliano foi a primeira vez. Então, fiquei feliz. Nada melhor para um pai do que ver o sucesso do filho. No meu trabalho, o reconhecimento não teve impacto algum. Sou fotógrafo, não cineasta. Aquele reconhecimento é para cineastas e, para eles, foi ótimo. E eu fiquei feliz por eles.
O senhor planeja um próximo projeto fotográfico?
Por enquanto não. No momento estou com um livro novo saindo em maio, de outro trabalho, com fotos sobre café, um projeto que me levou a dez países e que vai ser lançado agora. Nesse instante, só estou preocupado com isso. Depois, vou pensar em um trabalho fotográfico futuro. Eu tenho vontade de fazer um projeto com o movimento indígena na Amazônia, já até tive algumas conversas inicias com a Funai, mas vamos ver o que acontece.
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Confira a programação completa no site Ecofalante.org.br
Quinta, dia 19
Cine Olido
15h
Felicidade (Happiness, França/Finlândia, 2013, 80′)
A Lamparina de Óleo de Iaque (The Butter Lamp, França/China, 2013, 16′)
Reserva Cultural
15h
Carne e Leite (Meat and Milk, França, 2013, 104′)
Cine Olido
17h
Meu Nome é Sal (My Name is Salt, Suíça/Índia, 2013, 92′)
Reserva Cultural
17h
O Experimento Humano (The Human Experiment, EUA, 2013, 90′)
Caixa Belas Artes
17h30
Manare, a Sede da Terra (Manare, thirsty plain, Colômbia, 2014, 12′)
Os Castores (Beaverland, Chile, 2014, 68′)
Cinemateca Brasileira
18h
Nuoc 2030 (Nuoc 2030, Vietnã, 2013, 98′)
Belas Artes
19h
Favelas: As Cidades do Amanhã (Slums: Cities of Tomorrow, Canadá, 2013, 81′)
No Meio do Rio, Entre as Árvores (Within the River, Among the Trees, Brasil, 2009, 73′)
Cine Olido
19h
Inércia (Inertia, Argentina, 2013, 4′)
Carioca era um Rio (Carioca Was a River, Brasil, 2013, 74′)
Reserva Cultural
19h
Cadeias Alimentares (Food Chains, EUA, 2014, 86′)
Centro Cultural São Paulo
20h
Caminhando sob a Água (Walking Under Water, Polônia/Alemanha/Reino Unido, 2014, 76′)
Cinemateca Brasileira
20h
Crie com Ambição! (Aim High in Creation!, Austrália, 2013, 96′)
Caixa Belas Artes
20h15
Debate Homenagem
Reserva Cultural
20h30
Debate Consumo
22h
A Tragédia do Lixo Eletrônico (The E-Waste Tragedy, França/Espanha/Reino Unido, 2014, 86′)
Sexta-feira, dia 20
Cine Olido
15h
Maldito Seja o Fosfato (Cursed be the Phosphate, Tunísia, 2012, 76′)
Reserva Cultural
15h30
O Mar Perdido (The Lost Sea, Taiwan, 2013, 63′)
Centro Cultural São Paulo
17h
Acima de Tudo (Above All Else, EUA, 2014, 95′)
Tar (Tar, Canadá, 2013, 15′)
Cine Olido
17h
Sabaleros (Sabaleros, Argentina/Uruguai, 2013, 13′)
H2Omx (H2Omx, México, 2013, 80′)
Reserva Cultural
17h
3 Acres em Detroit (3 Acres in Detroit, França/EUA, 2013, 12′)
Tudo Ficará (Everything Will Be, Canadá, 2014, 86′)
Caixa Belas Artes
17h30
Pandemonium (Pandemonium, Brasil, 2010, 52′)
Retratos Brasileiros com Jorge Bodanzky (Brazilian Protraits with Jorge Bodanzky, Brasil, 2009, 26′)
Cinemateca Brasileira
18h
ThuleTuvalu (ThuleTuvalu, Suíça, 2014, 96′)
Centro Cultural São Paulo
19h
A Tragédia do Lixo Eletrônico (The E-Waste Tragedy, França/Espanha/Reino Unido, 2014, 86′)
Cine Olido
19h
A Lei da Água (Novo Código Florestal) (The Water Law – New Forest Code, Brasil, 2014, 78′)
Reserva Cultural
19h
Os Jogos de Putin (Putin´s Games, Alemanha/Israel/Austrália, 2013, 90′)
Caixa Belas Artes
19h15
Inércia (Inertia, Argentina, 2013, 4′)
Carioca era um Rio (Carioca Was a River, Brasil, 2013, 74′)
Centro Cultural São Paulo
20h
Cadeias Alimentares (Food Chains, EUA, 2014, 86′)
Cinemateca Brasileira
20h
De Sul a Norte (South to North, França, 2014, 109′)
Reserva Cultural
20:30
Debate Cidades Cities
22h
Favelas: As Cidades do Amanhã (Slums: Cities of Tomorrow, Canadá, 2013, 81′)
Sabádo, dia 21
Cine Olido
15h
Ilhados (Islanders, Brasil, 2012, 13′)
O Veneno está na Mesa 2 (The Poison Is On the Table II, Brasil, 2014, 70′)
Reserva Cultural
15h
Felicidade (Happiness, França/Finlândia, 2013, 80′)
A Lamparina de Óleo de Iaque (The Butter Lamp, França/China, 2013, 16′)
Centro Cultural São Paulo
17h
Próspera Montanha (Prosperous Mountain, Reino Unido/Noruega, 2013, 15′)
O Semeador (The Sower, Canadá, 2013, 77′)
Cine Olido
17h
Manare, a Sede da Terra (Manare, thirsty plain, Colômbia, 2014, 12′)
Os Castores (Beaverland, Chile, 2014, 68′)
Reserva Cultural
17h
Acima de Tudo (Above All Else, EUA, 2014, 95′)
Tar (Tar, Canadá, 2013, 15′)
Caixa Belas Artes
17h30
Iracema – Uma Transa Amazônica (Iracema, Brasil, 1974, 90′)
Centro Cultural São Paulo
18h
Carne e Leite (Meat and Milk, França, 2013, 104′)
Cinemateca Brasileira
18h
Amazonas, Amazonas (Amazonas, Amazonas, Brasil, 1966, 15′)
No Paiz das Amazonas (No Paiz das Amazonas, Brasil, 1922, 120′)
Centro Cultural São Paulo
19h
Nuoc 2030 (Nuoc 2030, Vietnã, 2013, 98′)
Cine Olido
19h
Substanz (Substanz, Alemanha, 2014, 14′)
O Sonho de Ferro (A Dream of Iron, Coreia do Sul, 2014, 98′)
Reserva Cultural
19h
Malditas Barragens (Damnation, EUA, 2014, 87′)
Caixa Belas Artes
19:15
Brasil S/A (Brazilian Dream, Brasil, 2014, 72′)
Centro Cultural São Paulo
20h
Os Jogos de Putin (Putin´s Games, Alemanha/Israel/Austrália, 2013, 90′)
Cinemateca Brasileira
20h30
Um Dia, O Nilo (Those People of the Nile, Egito/URSS, 1968, 109′)
Reserva Cultural
20h30
Debate Debate Energia Energy
22h
Crie com Ambição! (Aim High in Creation!, Austrália, 2013, 96′)
23h45
O Sal da Terra (The Salt of the Earth, França, 2014, 109′)
Domingo, dia 22
Cine Olido
15h
Brasil S/A (Brazilian Dream, Brasil, 2014, 72′)
Reserva Cultural
15h30
Caminhando sob a Água (Walking Under Water, Polônia/Alemanha/Reino Unido, 2014, 76′)
Centro Cultural São Paulo
17h
Malditas Barragens (Damnation, EUA, 2014, 87′)
Cine Olido
17h
Balada para Satã (A Rhime to Satan, Argentina, 2013, 7′)
Refugiados em Sua Terra (Refugees in Their Own Land, Argentina/Chile, 2013, 96′)
Reserva Cultural
17h
Nuoc 2030 (Nuoc 2030, Vietnã, 2013, 98′)
Caixa Belas Artes
17h30
A Lei da Água (Novo Código Florestal) (The Water Law – New Forest Code, Brasil, 2014, 78′)
Centro Cultural São Paulo
18h
O Último Sequestro (Last Hijack, Holanda, 2014, 81′)
Cinemateca Brasileira
18h
A Margem (The Margin, Brasil, 1967, 96′)
19h
Maldito Seja o Fosfato (Cursed be the Phosphate, Tunísia, 2012, 76′)
Reserva Cultural
19h
Próspera Montanha (Prosperous Mountain, Reino Unido/Noruega, 2013, 15′)
O Semeador (The Sower, Canadá, 2013, 77′)
Caixa Belas Artes
19h15
Ilhados (Islanders, Brasil, 2012, 13′)
O Veneno está na Mesa 2 (The Poison Is On the Table II, Brasil, 2014, 70′)
Centro Cultural São Paulo
20h
Sobre a Violência (Concerning Violence, Suécia/Dinamarca/Finlândia, 2014, 85′)
Cinemateca Brasileira
20h
Rio Violento (Wild River, EUA, 1960, 105′)
Reserva Cultural
20h30
Debate Debate Biodiversidade Biodiversity
22h
Era uma Vez uma Floresta (Once Upon a Forest, França, 2013, 78′)
A Invasão (The Rising, Suíça, 2014, 15′)