Gilberto Gil foi escalado para fazer o batismo do Theatro NET SP, versão paulistana da casa de espetáculos que atua no Rio desde 2012 e abre nesta sexta-feira no Shopping Villa Olímpia.
Com lotação de 800 lugares esgotada para suas três primeiras apresentações, o espaço é o primeiro de uma leva de novos teatros de médio porte que devem começar a operar até 2015 em São Paulo.
Parte deles, como o NET, atende a uma lei de 1991 que obriga todo centro comercial com mais de 30 mil m2 a ter um cinema e um teatro.
A maior parte dessas salas têm aspectos comuns: palco amplo, plateia entre 500 e 900 lugares e uma programação diversificada, que acolhe desde espetáculos infantis e de dança a shows de stand-up, concertos e grandes musicais.
“Sei que vou herdar um público do Tom Brasil [fechado na região em 2003] e do Via Funchal [fechado em 2012]”, aposta Frederico Reder, sócio-diretor da Brainstorming Entretenimento, que assumiu o controle do NET, que oferta meia-entrada em até quatro ingressos para assinantes da empresa patrocinadora.
Entre julho e agosto, o espaço recebe desde shows de Elba Ramalho e Geraldo Azevedo ao musical “O Grande Circo Místico”. A ideia é ter cortinas abertas de segunda a segunda, como no Rio. “Isso bomba por lá! É uma delícia sair do trabalho e ir a um programa”, diz Reder, que deseja priorizar o artista nacional.
No dia 24, a Barra Funda ganha o Teatro J. Safra, comandado por Maurício Machado e Eduardo Figueiredo, da produtora Manhas & Manias. A abertura também é de peso, com Nathalia Timberg no monólogo “Paixão”.
“Colocar um teatro fora do circuito é bom, ainda mais numa região carente de casas de espetáculo”, diz Figueiredo sobre o fato de este ser um teatro de rua. “Cria-se uma outra relação, sem o comércio te cercando o tempo inteiro.”
As primeiras atrações incluem shows de voz e violão de Gal Costa, espetáculos de circo e dança do Universo Casuo e do Ballet Stagium, além do infantil “Peppa Pig”.
O objetivo da pluralidade é tornar a casa sustentável. A dupla promete que essa opção não compromete a qualidade. “Nossa tônica será o ineditismo e a excelência, desde o espetáculo mainstream ao experimental”, diz Machado.
Crise dos pequenos
O boom dos teatros de médio porte se contrapõe à situação das pequenas salas independentes. Com uma programação experimental incapaz de se sustentar apenas com bilheteria, parte desses espaços tem dificuldade para pagar aluguéis cada vez mais altos devido à especulação imobiliária onde estão instalados.
A mais nova vítima disso é o multiartista pernambucano Antonio Nóbrega. Seu Instituto Brincante, instalado há 21 anos na Vila Madalena, está ameaçado de despejo: o dono deseja vender o imóvel.
“O Brincante se tornou um lugar multidisciplinar dedicado a estudar, promover e pesquisar a cultura brasileira. Um local assim não pode estar à serventia do poder imobiliário. Um bairro também precisa de parques e espaços públicos onde a cultura seja veiculada”, defende ele.
A notícia do possível fechamento engatilhou uma campanha com fôlego para seguir os passos daquela que conseguiu a reabertura do Cine Belas Artes. Uma das ações da campanha #ficabrincante acontece das 11h às 13h do dia 27 no parque Ibirapuera.
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