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Antonio Banderas fala ao Metro sobre ‘Os Mercenários 3’

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O ator espanhol está prestes a estrear em ‘Os Mercenários 3’ | Sengo Pérez/Divulgação

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A vida de Antonio Banderas tem o equilíbrio perfeito entre perseverância e sorte. Aos 19 anos, ele deixou sua Málaga natal para materializar o sonho de atuar em Madri. Mas nada foi fácil. Com medo de voltar para casa com o rabo entre as pernas, ele teve que aceitar qualquer trabalho que aparecia. Anos depois, assistiria a si mesmo na tela grande e seria um frequentador assíduo dos tapetes vermelhos. Hoje, aos 53 anos, ele diz manter o mesmo fogo para atuar que no início, sem reservas quanto a fazer comédias bobas nem fechar-se no complexo mundo “almodovariano”.

É verdade que você passou um tempo dormindo no sofá após sair de Málaga?

Esse sofá tinha um buraco em que tinha que me acomodar. Me acostumei tanto a ele que, quando me mudei para uma pensão com cama, meu subconsciente seguia respeitando aquele buraco e eu dormia na mesma posição. Foi uma época difícil, nove pensões em um ano, sem poder desfazer as malas porque sabia que poderiam me despejar por não ter dinheiro. Mas lembro de tudo com carinho, me diverti apesar de passar fome e não ter um tostão.

E, por acaso do destino, você esbarrou em Alicia Moreno, filha da famosa atriz espanhola Núria Espert…

A vida tem dessas. Estava desesperado porque não tinha trabalho. Ia jogar a toalha: planejava regressar a Málaga e me dedicar ao ensino de teatro em escolas primárias. Estava decidido quando saí certa vez do Teatro María Guerrero [em Madri]. Quando estava descendo as escadas, cruzei com Alicia. Estava no último degrau e disse para mim mesmo: “não custa nada”. Fiz a abordagem e perguntei o que deveria fazer para trabalhar no Centro Dramático Nacional. Surpresa, ela pegou um guardanapo e anotou um número para eu telefonar. Meses depois me vi num casting diante da própria Núria, que me deu um papel na peça “La Hija del Aire” [de Pedro Calderón de la Barca], que, ao fim, foi a primeira obra em que Pedro [Almodóvar] me viu.

Você se pergunta o que teria acontecido se não tivesse falado com Alicia?

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Tudo seria diferente… Ou não? Será que eu estaria falando contigo? Não sei, a vida se constrói assim…

De sua estreia no cinema, com “Labirinto de Paixões” (1982), a “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos” (1988) foram 16 filmes. Sua ascensão foi vertiginosa.

Não senti dessa forma. Foi um trabalho de formiguinha. Passei dos papéis secundários aos principais, mas sempre sabendo que isso é o que um ator faz. Nunca me deixei abalar por um sucesso nem por um fracasso.

Você fez “A Pele que Habito” (2011) após 21 anos longe de Almodóvar. O que sentiu ao voltar às raízes?

Foi muito forte me dar conta de que não havia esquecido o que aprendera com ele anos antes: essa capacidade que ele tem de juntar peças e reconstrui-las segundo o que deseja. Em Hollywood, tudo é muito acomodado, mas a criação artística não está no conforto. Ela se dá quando te tiram o chão e você fica nu diante da câmera e constrói tudo do zero. Foi isso o que Pedro fez comigo.

Você faz sucesso no cinema americano. O que é Hollywood para você?

A possibilidade de trabalhar em uma indústria muito forte e poder ter acesso a personagens diversos. O cinema tem muitos propósitos, da comédia mais frívola aos filmes mais reflexivos. Como ator, não digo não a nada.

Qual é sua posição em relação ao amor entre pessoas do mesmo sexo?

Sou totalmente a favor. Lembro que, em “Filadélfia” (1993), o personagem de Tom Hanks chegava pela primeira vez assustado ao hospital e me abraçava. Quando a cena acabou, eu disse a ele: “Tom, somos um casal. Você não deveria me abraçar, deveria me dar um beijo na boca.” Ele saiu, voltou em cinco minutos, disse que eu tinha razão, fizemos a cena como sugeri e ele me agradeceu. Eu estava calejado da experiência com Pedro, na qual estamos acostumados a riscos.

Que diferenças há entre fazer cinema nos Estados Unidos e na Espanha?

Hollywood é uma indústria e, se você entra ali, sabe o que está em jogo. Na Europa e na América Latina, somos artesãos. Aqui não fazemos filmes com dinheiro, mas com sangue, suor, lágrimas e talento, buscando encontrar uma alternativa a Hollywood. Eles têm dinheiro, mas sempre restará para nós a dignidade e a honra de ter feito coisas de um ponto de vista mais profundo.

Sua fama de “latin lover” surgiu em “Na Cama com Madonna” (1991), que o fez ser eleito um dos homens mais bonitos do mundo. Você se sente assim?

Não. Isso me faz rir, mas não me desagrada. Sempre encarei com humor, sabendo que rótulos têm data de validade

O que significa a figura da mulher para você?

Hm… um enigma tão grande quanto uma catedral. Que me traz tantas satisfações quanto desgostos (risos). A mulher é o sal da vida. A existência seria bastante chata sem elas.

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