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O pintor gaúcho Iberê Camargo (1914-1994) tinha fama de não ser um homem fácil. Avesso a crianças e cachorros, foi desde muito novo dedicado à arte, mas a seu modo. Assim, sem se enquadrar em uma corrente estética, o original artista criou mais de 5 mil obras.Cerca de 150 delas estarão expostas no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-SP) a partir deste sábado, na mostra “Um Trágico nos Trópicos”, que celebra seu centenário de nascimento.
Com curadoria de Luiz Camillo Osório, professor e também curador do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a exposição traz aproximadamente 50 pinturas e cerca de 90 desenhos e gravuras, a maioria sob cuidado da Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, que fazem uma retrospectiva da criação de Iberê desde a década de 1940, com ênfase em sua fase madura, na última década de vida.
“O que levou ao título [da exposição] foi como a obra de Iberê, de certa maneira, enfatiza essa dimensão trágica da própria existência em relação à morte, e em sua última fase de vida ela fica mais evidente. São figuras solitárias, com textura densa e paletas graves nas cores”, explica Osório.
Esse período ao qual ele se refere está relacionado a um momento trágico na vida de Iberê, quando ele se envolveu em um caso de assassinato, em 1980, sendo absolvido pouco tempo depois. A partir desse período o artista passou a reutilizar a figura humana em suas obras, algo “monumental” e “trágico”, nas palavras do curador.
A exposição é acompanhada também do lançamento de um catálogo inédito, com textos e entrevistas de Iberê com algumas personalidades, como Clarice Lispector, Jorge Guinle, Flávio Aquino, entre outros. “Esse é um recorte de momentos ao longo de sua vida, com discussões sobre as obras e que, em alguns casos, trata de sua relação com a arte brasileira.”
Serviço: CCBB-SP (r. Álvares Penteado, 112, Centro; tel.: 3113-3651). Abre neste sábado. De qua. à seg., das 9h às 21h. Grátis. Até 7/7.
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