Ao lado da fadista Carminho, do gaitista espanhol António Serrano e de Ivan Lins, Carlos do Carmo estrela show que acontece nesta sexta-feira no Auditório Ibirapuera, com ingressos esgotados, e lembra o fim da ditadura em Portugal em 1974.
Como a Revolução impactou as artes em Portugal?
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Esta se trata de uma transformação profunda, a saída do obscurantismo que está sobretudo na política e da censura. A libertação do povo traz consigo uma grande criatividade nos teatros, nos cinemas, em todas as artes.
O fado foi rejeitado pós-Revolução por ser associado à tradição. O fato de você usar outras referências foi essencial para que ele renascesse?
Bem, eu não vou estar aqui a autoelogiar-me. Não ficaria bem. Mas dei um forte contributo para que isso não continuasse. Foi no fundo uma estupidez, porque, ao fazerem isso, estavam a subestimar a história do fado, que tem quase dois séculos. Houve períodos em que o fado era revolucionário e cantava problemas sociais sérios. Quando chegou a ditadura, ele silenciou nesse sentido com a censura. Não é justo dizer que o fado estava colado ao regime.
Desde aí você já buscava a fusão com outros estilos, como o jazz e a MPB?
Sim. Tenho a cabeça permanentemente cheia de música, mas não é só o fado. Minha mãe era uma grande fadista. Ela fazia turnês no Brasil e levava discos de 78 rotações e eu ouvia Dorival Caymmi, Luiz Gonzaga… Foram as primeiras pessoas que ouvi cantar e que são grandes referências para mim. Depois segui.
O que mais o marcou da Revolução de 25 de abril?
Os militares saíram para derrubar a ditadura, mas o povo saiu maciçamente para a rua. Isso é o que transformou o movimento em revolução. Foi um momento de muita fraternidade, utopia e ideologia. Isso é absolutamente inesquecível.