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B-boy paraense conquista tricampeonato em evento de dança urbana

Yes, nós temos breaking – e ele está mais espalhado pelo Brasil do que nosso preconceito costuma imaginar.
Associadas a grandes centros, as danças urbanas demonstram vigor na performance de b-boys do Norte do país que impressionaram os jurados na final do Red Bull BC One Brazil Cypher, ocorrida no último sábado (29) na Fortaleza de São José do Macapá, na capital do Amapá.

Natural de Belém do Pará, Leony Pinheiro conquistou o tricampeonato – um feito e tanto para o jovem de apenas 21 anos. Seu rival? O amapaense Wallyson Amorin, o Snoopy, também de 21 anos.

“Nós temos uma dificuldade grande de sair do país por questão de grana, falta de apoio político… Eventos como o BC One são de extrema importância para toda uma galera que não tem oportunidade. Hoje eu tenho um nome no cenário mundial e sou convidado pra eventos, mas a maioria da galera daqui ainda não”, afirma Leony, referindo-se às portas abertas após sua participação na final global do evento realizada ano passado em Nagoya, no Japão.

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Ele se prepara agora para brigar novamente pelo título internacional: o novo prêmio garantiu a presença dele entre os 16 finalistas da etapa mundial de 2017, que ocorre em novembro, em Amsterdã.

“Experiência conta, mas preciso treinar mais e ganhar fôlego”, diz ele, que aponta influências regionais como um diferencial.

“Sou de um lugar muito rico culturalmente. Lá você tem brega, melody, carimbó… Tudo isso influencia minha movimentação. Não é algo muito perceptível, mas procuro essa musicalidade.”

Leony já ensaia uma carreira profissional na área – o que não significa exatamente estabilidade. “A não ser que você dê aula, essa não é uma profissão com salário mensal. Viver como b-boy é ganhar eventos e investir o que ganhou para ir a outros, é dar workshops, ser jurado, fazer comerciais… Gosto de dizer que vivo da minha dança.”

Seu oponente na final também tira o sustento do movimento. Snoopy dá aulas de balé clássico, dança contemporânea e jazz, além de danças urbanas, em um projeto social em Macapá.

O contato com outros estilos de dança interferiu em seu estilo como b-boy. “Hoje tenho uma visão um pouco mais técnica do que faço. Busco um movimento mais limpo, leve, suave”, descreve ele, que identifica os erros cometidos e busca agora corrigi-los para tentar o título em 2018.

Quem também está no rumo da profissionalização é Ediomar de​ Queiroz, o Tchantcho, de 24 anos, que saiu de Manacapuru, a 88 km de Manaus, para disputar o BC One. Apesar de eliminado nas oitavas por Snoopy, ele foi escalado como um dos quatro “wildcards” da competição – b-boys pré-selecionados por especialistas da Red Bull.

Tchancho divide os treinos com uma revenda de gelo e se orgulha de defender um estilo nacional no breaking.

“Tento ser bastante original. Treino muito power moves. Eles têm alto grau de dificuldade, mas são quase todos iguais e, se você faz algo diferente, se destaca. Os caras admiram isso lá fora e já me identificam como brasileiro”, diz ele, que obteve convites para o exterior com vídeos no Facebook.

Para o b-boy Pelezinho, jurado da etapa nacional, a deferência às influências é essencial. “Vim de uma família de capoeiristas e sambistas e utilizo isso desde a minha primeira competição. É muito importante ter estilo, carisma e assinatura próprios. Quando o b-boy mostra isso, ele representa a sua originalidade”, diz ele com a experiência de quem foi o primeiro brasileiro a representar o país no BC One internacional, em 2005.

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