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Ônibus da saúde

Na maioria das cidades brasileiras, os ônibus com mais de dez anos de uso viram sucata e vão parar em centros de desmanches. Andre Zanolla, aluno do quinto ano da FAU-USP, criou um projeto justamente para reaproveitar essa rica infraestrutura, tornando-a um equipamento essencial para a saúde nessa fase crítica. Assim nasceu o projeto O-SI, Ônibus de Saúde Imediata, um ônibus adaptado e transformado em clínica para ajudar no combate à Covid-19.

Essa clínica móvel, idealizada por Zanolla em parceria com a Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), já está funcionando em São Paulo e pode atender mais de quatro mil pacientes por mês em cada unidade. “Nosso objetivo é escalar o número de unidades O-SI para realizarmos testagens e vacinação em massa no Brasil e assim contribuir na redução do impacto da crise sanitária”, explicou Andre Zanolla para o Pro Coletivo.

Para isso, eles estão buscando empresas e governos interessados em desenvolver o projeto em suas regiões. “Passada a atual crise, a ideia é que essas estruturas complementem o sistema público e privado de saúde com atendimentos básicos e vacinação.”

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Entre os diversos benefícios, há o fato de que a clínica móvel aposta no serviço descentralizado e inclusivo: consegue chegar em lugares que não contam com hospitais e postos de saúde, garantindo o atendimento para a população mais vulnerável.

Designers e médicos se debruçaram nesse projeto para criar uma plataforma moderna, segura, ágil e que tem como base a utilização de tecnologias de ponta e conceitos atuais de mobilidade, reuso sustentável e inclusão social.

O projeto prevê a reutilização de até 4.800 veículos de transporte coletivo recentemente retirados da frota da capital paulista e a adaptação de seu espaço para uso clínico. O reuso sustentável dos ônibus urbanos irá reduzir custos de implantação e gastos materiais.

As unidades contam com um sistema de insuflamento de ar com filtragem que reduz odores, fumaça e carga microbiológica no ambiente, capaz de inativar 98% da carga viral do coronavírus presente no ar em pouco mais de três horas. O design inclusivo facilita o deslocamento de idosos e pessoas com restrições motoras – a sinalização, o piso tátil e o contraste de cores no piso antimicrobiano dão segurança e autonomia.

Apesar da preocupação com a covid-19, André Zanolla vê o O-SI como um projeto de longo prazo e para diversos fins, desenhado para prover um atendimento de grande alcance aliado à telemedicina, que envolve desde diagnóstico e tratamento ao calendário de vacinação.

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