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A próxima desculpa

Não é que o Cruzeiro seja exatamente uma espécie de esquadrão modelo para o que se considera proposição de jogo. Mas que para os discursos epidêmicos e injustos, simplórios – que continuaram mesmo após o título da Copa do Brasil, e se apegam a rótulos, não brotam abastecidos por um adequado acompanhamento das partidas –, de que a equipe decepciona, “deveria apresentar mais”, as dificuldades impostas pela realidade têm sido duras… Minha aposta para o futuro mais imediato destes abnegados contorcionistas da retórica: podendo utilizar os titulares com mais frequência, o time celeste há de crescer no Brasileirão. Um futebol fluente, com gols, não seria surpresa para quem realmente observa a equipe. Para os adeptos do lugar-comum em tela, todavia, estaremos diante de uma quase aberração, de algo que, na ânsia por sustentar seus argumentos, eles não gostariam de ver. Eis que surgirá a próxima desculpa: leve pela ausência de uma cobrança mais clara pelos resultados, o conjunto se soltou. Sem responsabilidades, pôde atacar mais. Despido de riscos, Mano não sucumbiu aos vícios, aos excessos de pragmatismo. Santa bobagem…

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Circunstâncias, calendário, características físicas de alguns atletas, coincidências, sequência de eventos, contusões, erros de arbitragem atrapalharam nitidamente em dados instantes, contribuíram para que determinado dinamismo, um tipo de imposição não se materializassem com a veemência que poderiam; em outros momentos, as virtudes em apreciação deram as caras em boa medida, e estes arautos críticos simplesmente não conseguiram/não quiseram ver. No caldeirão das razões que edificam o clichê aqui esmiuçado, a fama, a representação que gostam de associar a Mano Menezes dá o tempero final, se soma aos demais ingredientes listados. É impressionante como se apegam a essas coisas – também – no futebol…

Se me pergunto o que vão dizer os que esnobavam o trabalho de Mano, diminuíam o rendimento do Cruzeiro, após o título da Copa do Brasil, e a provável ascensão no Nacional, me indago num raciocínio talvez análogo: e os que alçavam sem motivo, sem fundamentação compatível, o papel de Aguirre no São Paulo, depois de uma nada surpreendente queda dos resultados – e notem: usualmente são os mesmos? A reação de larga parte da imprensa em torno do uruguaio costuma ser novo exemplo de apego equivocado a certa aura, independente do conteúdo. No Inter e no Galo, os times de Aguirre não exibiam aquela consistência que entrega louvável e cristalina ingerência do técnico, seja num estilo de posse, controle, seja esbanjando qualidade, consciência nos contragolpes. No tricolor a fase de pontuação positiva não era acompanhada de convencimento nas performances; triunfos no fio da navalha, a fórceps… Mas Aguirre projeta um ar, uma imagem; toma decisões pontuais que concedem uma impressão… Aí muita gente da mídia adora, vai na onda. Sem que haja o condizente real para espremer…

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