Estamos na Europa, especificamente na Espanha, e aqui estivemos durante o ápice da crise. Os efeitos eram a olhos nus, pois nos bairros mais abastados o volume de imóveis comerciais e residenciais à venda ou para aluguel era enorme e a preços muito convidativos. O desemprego era elevadíssimo para os profissionais mais seniores, e já para os entrantes no mercado, a espera era enorme. Com salários extremamente baixos para os padrões Europeus.
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Apesar deste cenário, os espanhóis e demais europeus contavam e contam com serviços públicos exemplares. A saber: saúde, educação, segurança pública de qualidade e, acima de tudo, um forte apoio ao financiamento e estímulo econômico a empreendedores que estavam sem colocação.
Bom pois agora a situação esta muitíssimo diferente. As placas de locação e venda de imóveis ainda existem, mas sem bem mais raras do que eram antes. Os valores de aluguéis crescem a taxas de 11% ao ano, estimulando um novo e responsável ciclo imobiliário bem mais pé no chão do que era na crise do subprime, porém os salários estão cerca de 18% abaixo do que foram um dia. E o volume de população economicamente ativa desempregada ainda chega a preocupantes 20%. São poucos mas não raros os pedintes, ambulantes e desafortunados pelas ruas. Boa parte são imigrantes de países menos favorecidos.
Se traçarmos um paralelo para o Brasil, que esta há alguns passos atrás da Europa em termos de enfrentamento da crise, poderemos perceber que exatamente os mesmos fenômenos estão acontecendo. E acontecerão: os empregos que são formais sofreram reduções importantes nos salários e o setor imobiliário ainda reage de forma lenta e em patamares que são realistas em relação ao otimismos do temporário milagre econômico que o Brasil viveu na era pós Plano Real.
O que nada mudou são os serviços públicos onde o abismo que nos separa dos Europeus e enorme. E com uma taxa de tributos que temos muito maior do que a taxa a qual eles todos são submetidos. As reformas estruturantes ainda lentas e disputando agendas com escândalos, denúncias e CPI’s. Ou seja, uma ribalta na qual se repetem espetáculos que em nada ajudam e estruturam a vida dos brasileiros.
Aprender com o velho mundo é mais do que importante e fundamental, pois caminhamos na mesma direção a passos muito mais lentos e tortuosos. Porém, chegaremos lá começando por nós mesmos em termos de disciplina foco e consciência política. Após 56 anos, ainda acredito que o Brasil é o pais do amanhã, porém este amanhã esta tardando demais.