Colunistas

O jogo é bruto

O governo do presidente Temer é pura emoção. A cada dia, uma surpresa. A cada hora, uma novidade. Na terça-feira, por exemplo, foi só emoção. Num só dia, Temer sofreu três derrotas. Primeiro, a Comissão de Ação Social derrotou por dez votos a nove a reforma trabalhista do relator Ricardo Ferraço (PSDB-ES), adiando a decisão sobre a medida. Na Justiça Federal, Temer perdeu a ação que movia por calúnia, injúria e difamação contra o empresário Joesley Batista – o juiz não a recebeu por achar que ao chamar Temer de “chefe de quadrilha”, o empresário repetiu o que ele havia dito na delação premiada. E por fim, a Polícia Federal entregou ao Supremo Tribunal Federal o relatório da investigação sobre o presidente, concluindo que ele cometeu crime de corrupção passiva. Falta à PF entregar a perícia nas fitas em que o empresário gravou Temer para dizer se ele contribuiu ou não para a obstrução da Justiça.

ANÚNCIO

Mas quem corre risco a essa altura é a delação premiada do empresário Joesley Batista e de seus executivos que entregaram o presidente Temer, o ex-deputado Eduardo Cunha, o senador Aécio Neves e mais uma porção de políticos pelo país afora, entre os quais boa parte dos ministros do presidente. Ontem, o STF começou a julgar se a distribuição das delações dos donos da JBS poderia ser feita diretamente ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo. A tentativa é de tornar as delações inválidas, com o que Temer, Aécio e demais denunciados ficariam livres da pecha de corruptos e da acusação, que cabe a vários, de obstrução da justiça.

Quem está por trás da armação é o notório ministro Gilmar Mendes, o mesmo que no Tribunal Superior Eleitoral comandou a operação que absolveu a chapa Dilma-Temer, evitando que o presidente fosse destituído do cargo, pela mesma razão: corrupção passiva. Dois ministros votaram ontem: Edson Fachin e Alexandre de Moraes, ambos pela continuidade do julgamento e a favor da distribuição dos processos ao primeiro. O julgamento terá prosseguimento hoje. Se o laço de Gilmar der certo, Temer estará livre da maior acusação que pesa contra ele em todo esse processo de crise porque passa seu governo. E não só ele, como a maior parte do mundo político que foi colocado no pelourinho pela denúncia dos donos da JBS que poderão, por sua vez, serem os únicos punidos nessa história. Lá em cima, o jogo é bruto.

ANÚNCIO

Tags


Últimas Notícias