A contratação de Marcelo Oliveira foi um acerto do Atlético. Aproveitando a chegada do novo treinador, reproduzo abaixo trecho de relatório que estou escrevendo sobre o Brasileirão 2015 – importante termos informações e refletirmos sobre o último trabalho do comandante, que acaba de chegar ao Galo. Nem precisaria dizer: o fato de ver defeitos não indica necessariamente pouco apreço e avaliação negativa a respeito da qualidade de um profissional como um todo. Vamos, então, a alguns trechos do relatório mencionado:
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Com Marcelo Oliveira, o principal defeito do Palmeiras foi, sem dúvida, o pouco repertório, o excesso de ligações diretas. Tudo era aleatório demais, desorganizado, na maior parte da caminhada dos paulistas no Brasileiro 2015. Pouca capacidade de trocar passes, controlar, envolver o adversário, jogar com consciência e consistência.
Há uma espécie de consenso na mídia de que o Palmeiras sob o batuta de Marcelo Oliveira se limitou demais ao 4-2-3-1. Esteve amarrado a esse esquema. Aqui é preciso relativizar. De fato – embora o considere ótimo treinador –, dá para dizer que um dos defeitos que Marcelo tem é possuir um repertório estratégico um tanto limitado e pouco sofisticado. Isso se viu no Palmeiras, no Brasileiro 2015. Também é possível afirmar que, em muitas oportunidades, ele se apegou ao 4-2-3-1 de modo excessivo; pareceu em alguns instantes sem capacidade de variar, sair dessa forma de jogar. Mas colocar como muitos fazem, de forma exagerada, literalmente – ou algo próximo disso –, que ele não monta esquadrões em outros sistemas, que não tem essa aptidão num sentido amplo, não é verdade.
No Palmeiras, em geral – Marcelo chegou a sair do 4-2-3-1 em um número considerável de oportunidades para jogar no 4-3-3 (só com um volante estritamente marcador, e nomes como Robinho, Zé Roberto e Arouca variando nas funções de meio-campistas com mais liberdade), ou no 4-4-2 com losango no meio (4-3-1-2) – com um trio nos moldes assinalados acompanhado de Dudu como o “número um”, o ponta de lança, e com Gabriel Jesus na frente, movimentando-se como segundo atacante, fazendo dupla com centroavante típico.
Em alguns momentos, Marcelo mostrou variação até para “espelhar” o adversário, saindo do 4-2-3-1 para o 4-3-3 ou o 4-4-2 com losango no meio quando ia enfrentar um adversário com três volantes. Fez isso no Brasileirão em poucas ocasiões; na Copa do Brasil, no jogo de volta contra o Cruzeiro, no Mineirão, esse artifício deu muito certo; na oportunidade, em função de o conjunto de Luxemburgo jogar com três volantes, Marcelo atuou com Amaral, Zé Roberto e Robinho formando um triângulo, e no primeiro tempo só não conseguiu uma goleada histórica por detalhes (o placar do segundo também foi enganoso; o Palmeiras tirou o pé de maneira totalmente excessiva, quase inacreditável).
Cadu Doné é comentarista esportivo da rádio Itatiaia e da TV Band Minas, filósofo e escritor. Escreve no Metro Jornal de Belo Horizonte