Qual o dia ou a hora de começar? Ou, mais especificamente, qual a idade certa para começar a trabalhar? Antigamente, o trabalho começava muito mais cedo, todos em casa tinham sua responsabilidade. A cada ano que passa, essa idade está sendo estendida, principalmente no Brasil. Nos Estados Unidos, existe a tradição de o filho sair de casa para fazer a faculdade, na contramão do Brasil. No nosso país, temos visto várias famílias reclamarem que os filhos permanecem com a família durante a faculdade, depois fazem MBA e vão ficando.
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Se pensarmos em trabalho como algo pesado, tendemos a evitar que nossos filhos iniciem esse desgaste tão cedo. Aqui se instala o maior problema da nossa época. Oitenta por cento das pessoas deixam a vida escolher por elas e vão reclamando ano a ano do sacrifício que é trabalhar.
A boa notícia é que, quanto antes colocar seu filho para experimentar a execução de atividades, mais fácil será a escolha dele quando tiver que fazê-la. Crianças superprotegidas são frágeis, pois possuem poucas experiências. O arcabouço de escolhas fica limitado. Mais que conhecer o mundo todo viajando, é necessário ter experiências com algo produtivo, prazeroso, feito com orgulho.
Pergunte a um músico se ele se deu conta de que ficou dois dias definindo uma melodia. A um médico, após 10 horas de cirurgia, se ele teve ideia do tempo gasto nessa experiência; a um atleta com uma medalha se ele tem a dimensão da entrega feita… Muitos responderão: “Nem pensei nisso”! Sabe por quê? O propósito era maior do que a atividade. Por isso o tempo corre sem se perceber.
Possibilite que seu filho experimente de tudo: comidas, temperos, atividades. Não deixe suas preferências e/ou decepções os influenciarem negativamente. Comece por atividades simples, como pagar uma conta, controlar a mesada, fazer uma viagem toda organizada por ele… Estar apto a resolver obstáculos será um diferencial.
No primeiro ano de faculdade, inicia-se uma nova fase. Será muito importante experimentar todas as atividades que aquela teoria poderia lhe proporcionar. Inicialmente, é só conhecer e não ganhar dinheiro. Saber isso faz toda diferença. É preciso aprender a trabalhar no que gosta, só assim depois você ganhará mais.
Aqueles que trabalham por prazer e priorizam seu propósito alcançam destaque em relação aos demais! Não se preocupe com a idade. Em cada fase, temos muitas oportunidades, e todas são diferentes. Aprenda com elas e escolha sua melhor experiência para sustentá-lo!
Vânia Goulart é psicóloga formada pela Ufes; mestre em Administração Estratégica pela Fucape; especialista em Psicologia Organizacional, do Trabalho e do Trânsito; coach profissional pelo Personal and Professional Coaching e diretora fundadora da Selecta.