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A rivalidade de Gre-Nal virou um Frankenstein

Leonardo Meneghetti colunistas twitterTransformamos o Gre-Nal num Frankenstein. Todos nós. Dirigentes, especialmente eles. Mas jornalistas, jogadores e também a Federação têm parcela de responsabilidade. Acirramos os ânimos. Criamos um monstro que agora já não conseguimos controlar. E muitas vezes isso chega às arquibancadas. E vai pelas ruas, em forma de brigas e vandalismo. A exemplo deste permanente comportamento de dicotomia no Estado, em que você é a favor ou contra e não há o meio termo, a grenalização exacerbada virou um estilo de vida agressivo e burro. E as redes sociais funcionam como o doping desta mediocridade.

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Repare, prezado leitor, que este Gre-Nal de domingo nem valia muita coisa. Sejamos sinceros: fase classificatória do campeonatinho local. Ah, eu sei, servia também pelo torneio amistoso da Sul-Minas-Rio, cuja relevância é muito mais política do que esportiva. Não, colorados, não me venham agora superdimensionar o torneio apenas porque o Inter está classificado e o Grêmio depende de resultados. Continuará sendo um torneio simbólico. Melhor ganhá-lo do que perdê-lo, reconheço.

E então pegamos este primeiro Gre-Nal de 2016 e o transformamos na última bolachinha de biscoito. Talvez porque, na realidade, nossos horizontes estejam curtinhos mesmo. Não ganhamos nada além da fronteira estadual. Então, jogo de ludo entre o vermelho e o azul virou guerra. Quanta tacanhice. Ganhar do Grêmio é o máximo. Ganhar do Inter é tudo. Um não ganha nada há 15 anos; o outro há cinco. Eta provincianismo que só nos leva ao apequenamento de dois gigantes do futebol mundial.

E nós, da imprensa, ficamos a reboque de manifestações inconsequentes, na maioria das vezes, incendiando ânimos, acirrando o ambiente. Clube briga com clube, clube briga com federação, dirigente provoca jogador, técnico questiona dirigente, técnico detona árbitro, dirigente xinga árbitro, dirigente ataca dirigente. E a imprensa dá ressonância. É refém do bate-boca. Nas redes sociais, a mídia deixa de ser o dardo e passa a ser o alvo, porque ali também há uma turma de idiotas, sem qualquer responsabilidade, expelindo sua raiva que, de fato, é consequência de uma vida frustrada.

E a Federação? Não faz nada. Não chama seus filiados para uma mesa, a fim de resolver estas arestas. Parece que não organiza o torneio. Prestem atenção: estamos criando um ambiente belicoso e muito perigoso para o próximo Gre-Nal.

Ah, o lance: William foi imprudente. Empregou força exagerada. O impacto foi forte porque Bolaños também estava em velocidade. O braço de William estava aberto e mais alto que o normal. Falta dura. Daronco errou. Lance para cartão amarelo, talvez vermelho. A consequência foi uma grave fatalidade. Não acho que tenha sido uma entrada criminosa. E neste ponto a direção gremista virou por completo o fio. Aliás, Roger, lúcido, se saiu melhor ontem: “Acredito que foi intencional? Não. Acredito que foi imprudência? Sim”, encerrou a questão.

Jornalista esportivo desde 1986, Leonardo Meneghetti foi repórter de rádio, TV e jornal e está no Grupo Bandeirantes desde 1994. Foi coordenador de esportes, diretor de jornalismo, e, desde 2005, é o diretor-geral da Band-RS. Diariamente comanda “Os Donos da Bola”, na Band TV.

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