Nada! Dinheiro é bom e a gente gosta. Quem diz que não gosta, ou está mentindo, ou nasceu para ser monge budista e está vivendo no lugar errado (vá já para o Tibete!). Daí quem me ouve falando desse jeito pode acabar me acusando de “dinheirista”! Longe de mim: se após quase três décadas estudando o dinheiro a fundo eu aprendi alguma coisa, foi que ele não vale nada. É isso: o dinheiro em si não tem valor intrínseco, e quem a ele atribui muita importância acaba descobrindo que estava bem enganado… e sofre! Agora, para não parecer que eu estou aqui com “papo de louco”, deixe eu me explicar melhor.
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Money. O dinheiro compra coisas e paga experiências. A gente precisa de matéria e de vivências para viver a vida. Coisas de melhor qualidade e experiências mais elaboradas costumam custar mais. Assim, matematicamente se conclui que é necessário ter mais dinheiro para viver melhor. Quem consegue mais dinheiro amplia seu poder de compra, e então vive melhor. Pois é justamente aí que reside uma cruel falha de interpretação da verdadeira natureza do dinheiro: ele dá poder de compra, sim, mas isto não é sinônimo de poder de usufruto. Sua felicidade está bem mais conectada ao usufruto do que à compra.
Usufruto. Imagine um jovem que compra seu primeiro carro, usadinho (bem velhinho, para dizer a verdade). Ele está eufórico com as possibilidades de usufruto que se apresentam pela frente. O jovem poderá, por exemplo, ir trabalhar sem pegar metrô e busão. Será possível ir à praia no final de semana, ou dar rolê por aí com a namorada e amigos. De outro lado, um certo senhor de idade avançada, muito abastado, mas que já mal dirige, compra um carro zero, lançamento de luxo. Qual o usufruto que ele há de extrair de sua nova aquisição? Algum naturalmente, porém nada que se compare ao jovem motorista.
Viva! Não digo que o jovem enjeitaria um carro zero, nem digo que o senhorzinho estaria mais feliz de carro velho, ou até sem carro. Porém a novíssima nave já não agrega ao tio nem um tico daquilo que o pau veio agrega ao moleque. A proposta que surge deste exemplo é perguntar-se, sempre: preciso mesmo conseguir mais dinheiro de qualquer maneira para acessar “o top”? Não: foque, primeiramente, no usufruto que busca, e depois ajuste o que pode comprar àquilo que o seu dinheiro pode pagar. Abandone a ansiedade de “só ter porcaria” ou de “ganhar pouco demais”. Usufrua… e viva!
Economista com MBA em Finanças (USP), orientador de famílias e educador em empresas (Metodologia PROF® / UNICAMP), é comentarista econômico do Grupo Bandeirantes de Rádio e TV. Autor de “Os 10 Mandamentos da Prosperidade”, dirige o site www.oplanodavirada.com.br.